Questionado sobre o julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão por supostos disparos em massa de mensagens falsas no segundo turno das eleições, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (15) que não se sente ameaçado ou com “a faca no pescoço” e que não vai proteger ou perseguir o presidente.
Em entrevista ao programa Roda Viva, Barroso afirmou que não é um ator “político”, e sim um ator constitucional. “Onde estiver nessa vida faço a coisa certa, de modo que no Superior Tribunal Eleitoral não há nenhum risco de um presidente ser perseguido, nem tão pouco há risco dele ser protegido. Nós faremos o que há certo dentro do direito”, garantiu.
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Barroso afirmou, sem identificar nomes, que um membro do governo perguntou se Bolsonaro deveria se preocupar o julgamento no TSE. “Eu disse: só se tiver feito alguma coisa errada”.
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Relação dos militares com governo
O ministro disse, ainda, que os protestos antidemocráticos realizados no Brasil e investigados pelo STF são feitos por uma “gangue pré-iluminista” que não aceitaria pensamentos diferentes . Ao comentar sobre o papel das forças armadas no governo, ele não mostrou preocupação profunda, mas uma certa atenção a notas do Ministério da Defesa e de outros setores.
“Não acho que haja um risco real de golpe, até porque não teria uma razão, mas não vejo com tranquilidade esse excesso de nota vindo por toda parte”, afirmou. Ele lembrou, ainda, que os governos de FHC, Lula, Dilma e Temer não tiveram a mesma relação com as forças armadas e disse que “não vai fazer e conta que alguma coisa não está acontecendo”.
“O fato de haver uma multiplicidade, um número muito grande de militares eu acho que abre uma preocupação, porque um certo sentido de lealdade pode levá-los a se identificar com o governo e as Forças Armadas não podem se identificar com um governo algum, elas são instituições de estado, instituições da sociedade”, disse.