O ex-secretário de Vigilância Sanitária Wanderson Oliveira afirmou, durante uma live, que a subnotificação de Covid-19 deve ser maior que 12 vezes o número de casos confirmados.
"Digo isso porque os testes são ruins. Esse testes sorológicos são ruins e se torna pior usando a punção digital. Devia ser punção venosa. Não deveria ser usado na ponta do dedo", afirmou Wanderson .
Segundo ele, o país não vai conhecer a realidade de infectados real enquanto não tiver um teste sorológico confiável. Na conversa com o doutor de microbiologia Atila Iamarino , ele afirmou ainda que está com suspeita de Covid-19 : "está todo mundo aqui em casa com suspeita. Estamos em isolamento".
Baseado na letalidade do vírus, ele calcula que o Brasil teria, na verdade, mais de quatro milhões de casos. Wanderson afirmou que continua acompanhando a doença junto a estados que o procuraram e que a situação do Brasil é preocupante .
"Os números seguem crescendo. Diria que a gente está no quarto final da montanha. Mas pode ser que ela tenha um platô ou já descer. Tao problemático quanto chegar no pico é quanto tempo ficaremos lá", analisou.
Na conversa, ele ainda afirmou que começou as reuniões para análise de planos de segurança no dia 5 de janeiro, quando a epidemia ainda estava começando na China.
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"Alguns colegas diziam que isso estava muito longe e não chegaria aqui. Tenho até hoje a mensagem de Whastapp de uma pessoa da Anvisa dizendo isso", conta.
Wanderson contou ainda que as projeções matemáticas começaram a ser feitas no Brasil em meados de fevereiro e já se previa mortes nas casas das dezenas de milhares, como o país alcançou. Atualmente, são mais de 35 mil óbitos no país.
"Quando eu vejo pessoas num hospital de campanha criticando que ele está vazio... eu dou graças a Deus. É uma irracionalidade muito grande. Do que a gente sabe do coronavírus, de cada 100 pacientes, 80 não têm sintomas e 20 precisam de atendimento hospitala. Desses, cinco vão para o respirador. E aí depende das condições da pessoa", disse.
Doutor em epidemiologia, Wanderson de Oliveira deixou o cargo de secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde em 25 de maio.
Ele coordenou a resposta nacional à pandemia de influenza e à síndrome da zika congênita e atuou como ponto focal para o regulamento sanitário internacional e eventos de massa, como Copa do Mundo e Olimpíadas, segundo o governo.
Wanderson tem especialização pelo programa de treinamento em epidemiologia aplicada ao SUS , pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Georgia, nos Estados Unidos. É especialista em epidemiologia pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, também nos Estados Unidos, e é professor da escola da fundação Oswaldo Cruz, em Brasília.