Trabalho dos bombeiros em Brumadinho continua intenso, mas muda de estratégia
Divulgação/Corpo de Bombeiros MG
Trabalho dos bombeiros em Brumadinho continua intenso, mas muda de estratégia

O rompimento da barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão, da Vale em Brumadinho (MG), completa um mês nesta segunda-feira (25). Até agora, 179 corpos foram encontrados e identificados e 131 pessoas continuam desaparecidas.

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Ao longo dos primeiros 30 dias de buscas, a operação do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em Brumadinho passou por diferentes fases, usando técnicas variadas. De acordo com o tenente-coronel Anderson Passos, “agora é um momento de paciência. São escavações, que têm que ter método, ter tecnologia e ter organização”.

Inicialmente, quase 500 bombeiros mineiros atuaram nas buscas, utilizando também 15 helicópteros e quase 20 cães farejadores. A maior parte dos resgates eram feitos manualmente. Com o tempo, a lama se torna menos fluida e as buscas precisam ser mais profundas, portanto a procura pelos corpos muda de estratégia.

Passos explica que em um segundo momento, o uso de cães se tornou mais intenso e, agora, o trabalho conta com o uso de um maquinário pesado. O tamanho do efetivo diminuiu, hoje em dia, cerca de 180 militares atuam na região, mas isso não significa uma redução do trabalho, uma vez que agora eles contam com o uso de 42 máquinas, que não podiam ser usadas no começo.

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O Corpo de Bombeiros mineiro estima que os trabalhos de buscas devem se estender por mais dois ou três meses. Afirma também que a procura não vai cessar enquanto todos os corpos não tiverem sido encontrados.

Neste domingo (24), 400 manifestantes se reuniram em frente ao Memorial Minas Gerais Vale , em Belo Horizonte. Em Brumadinho, amigos e familiares das vítimas se reuniram para homenagear os mortos. Um helicóptero jogou pétalas de rosas no rio. Os manifestantes amarraram fitas e cartazes em uma ponte e fizeram um minuto de silêncio.

Impactos em Brumadinho

Em ato de protesto e de luto, o letreiro da cidade de Brumadinho amanheceu coberto por sacos de lixo após a tragédia
Reprodução/Twitter
Em ato de protesto e de luto, o letreiro da cidade de Brumadinho amanheceu coberto por sacos de lixo após a tragédia

Os rejeitos da barragem da Mina Córrego do Feijão atingiram o Rio Paraopeba e tem se alastrado. Na última sexta-feira (22), o governo de Minas Gerais  aumentou a área de proibição do consumo da água do rio. Agora, não está permitido consumir água do Paraopeba para beber, cozinhar, usar na agricultura ou dar a animais desde a confluência com o Córrego Ferro-Carvão até o município de Pompeu, no centro-oeste de Minas.

O motivo da medida é o risco de contaminação por metais pesados. Por enquanto, não há estimativa de suspensão da proibição.

Além de mortos e feridos, o rompimento da barragem atingiu milhares de pessoas, que ficaram sem trabalho, sem casa ou perderam familiares. Na última semana, representantes dos atingidos  fecharam um acordo provisório com a Vale, segundo o qual a mineradora se compromete a pagar R$ 1 mil por adulto e R$ 300 por criança por um ano.

A Vale informou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que os familiares das vítimas continuarão recebendo dois terços dos salários de seus parentes, fossem eles empregados próprios ou terceirizados.O pagamento será mantido por um ano ou até que seja fechado um acordo definitivo de indenização, de acordo com a empresa.

O pagamento das despesas com funeral e verbas rescisórias das vítimas fatais também será feito pela Vale. A mineradora informou que dará atendimento psicológico e pagará auxílio-creche e auxílio-educação, além de danos morais, para cônjuges ou companheiras, filhos, pais e irmãos das vítimas.

A tragédia também levantou a discussão sobre a segurança de barragens. Este foi o segundo rompimento em Minas Gerais em pouco mais de três anos. No Brasil, há cerca de mil barragens. Por recomendação da Agência Nacional de Mineração (ANM), o Ministério de Minas e Energia definiu uma série de medidas de precaução de acidentes.

As medidas anunciadas pelo governo federal devem começar a ser colocadas em prática imediatamente e toda a adequação deve se dar até 2021. Uma das alterações é que todas as barragens no estilo “a montante”, mais barato e inseguro, devem ser extintas ou descaracterizadas . Tanto a barragem que se rompeu um mês atrás quanto a da Samarco, em Mariana, eram deste modelo.

A barragem localizada próxima a Brumadinho , a 57 quilômetros de Belo Horizonte, rompeu-se por volta das 12h20 de sexta-feira, 25 de janeiro. Como em Mariana, em 2015, um mar de lama cobriu a área administrativa da Vale, o povoado, estradas e o rio. Como era hora do almoço, muitos funcionários estavam no restaurante que foi atingido pelos rejeitos.

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