A Suíça anunciou, nesta quarta-feira (10), que organizará uma conferência sobre a paz na Ucrânia nos dias 15 e 16 de junho, da qual a Rússia não participará por considerá-la um projeto dos "democratas americanos".
"A ideia de organizar uma conferência de alto nível para lançar o processo de paz tem apoio suficiente a nível internacional", afirmou o governo suíço em um comunicado.
Mais de cem países serão convidados para o evento, que acontecerá próximo a Lucerna, no complexo hoteleiro Bürgenstock.
Este hotel de luxo possui uma localização idílica em uma colina, a mais de 450 metros acima do Lago Lucerna.
"É o primeiro passo no processo para uma paz duradoura", disse a presidente suíça, Viola Amherd, em uma coletiva de imprensa em Berna.
"Não vamos assinar um plano de paz nesta conferência", afirmou, mas acrescentou que haverá outra conferência depois. "Esperamos iniciar este processo", disse.
A diplomacia russa denunciou imediatamente o projeto.
"Por trás de tudo isso estão os democratas americanos, que querem fotos e vídeos de um evento deste tipo para demonstrar que o seu projeto 'Ucrânia' segue adiante", acusou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, à agência de notícias estatal TASS .
A Rússia justificou o seu ataque à Ucrânia em fevereiro de 2022 alegando que os Estados Unidos usavam Kiev como uma ferramenta para enfraquecer indiretamente a Rússia.
O chanceler da Suíça, Ignazio Cassis, garantiu que "um processo de paz não pode ser realizado sem a Rússia" ou "sem a participação de todas as partes no conflito".
Na primeira conferência, "podemos chegar a um acordo sobre a melhor forma de convidar a Rússia" para a próxima, sugeriu.
"Entendimento comum"
A China mostrou uma atitude "positiva" em relação à conferência e os Estados Unidos confirmaram a sua participação, disse o chanceler suíço.
A imprensa suíça havia afirmado que o presidente americano, Joe Biden, estaria presente no evento. Mas a Casa Branca reiterou que "ainda não tomamos uma decisão sobre quem do governo americano poderá comparecer à conferência".
Cassis reuniu-se em janeiro em Nova York com o seu homólogo russo, Serguei Lavrov, para tentar convencer Moscou. No entanto, a Rússia acredita que a Suíça perdeu a sua neutralidade ao adotar as sanções impostas pela União Europeia.
A presidente Amherd recebeu seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Berna naquele mesmo mês. Durante esta reunião, ofereceu o seu apoio na organização de uma conferência de paz de alto nível na Suíça.
A Suíça examinou, através de contatos diretos com inúmeros Estados, as possibilidades e caminhos que poderiam levar a um processo de paz, afirmou o governo em um comunicado nesta quarta-feira.
O país manteve discussões com membros do G7, da União Europeia, representantes do Sul, como China, África do Sul, Brasil, entre outros.
"Como primeiro passo, será necessário desenvolver um entendimento comum entre os Estados participantes sobre o caminho a seguir rumo a uma paz integral, justa e sustentável na Ucrânia", afirmou o governo.
Por outro lado, o governo suíço anunciou a sua intenção de liberar 5 bilhões de francos suíços (cerca de 5,47 bilhões de dólares ou 27,39 bilhões de reais) até 2036 para apoiar a reconstrução da Ucrânia.
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