Palestinos deslocados rezam durante o primeiro dia do Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do Ramadã, em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 10 de abril de 2024
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Palestinos deslocados rezam durante o primeiro dia do Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do Ramadã, em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 10 de abril de 2024

Perto dos escombros de uma mesquita em Rafah, alguns fiéis palestinos rezam pelo Eid al-Fitr, a festividade que marca o final do Ramadã e que, este ano, é sinônimo de "tristeza" e "medo" na Faixa de Gaza.

"Ano passado, a mesquita Al Faruq ainda estava aqui, mas este ano foi tomada como alvo duas ou três semanas antes do  Ramadã começar", explica Ahmed Abu Chaer sob a grande tenda de acampamento que serve como local de oração neste bairro de Rafah, no sul de Gaza.

Este ano, o Eid al-Fitr não se parece com nenhum outro vivido pelos palestinos, especialmente na Faixa, onde a  guerra entre Hamas e Israel já dura mais de seis meses.

Na madrugada de terça para quarta-feira (10), catorze pessoas morreram em um bombardeio contra uma casa no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território, governado desde 2007 pelo Hamas.

"Chega de guerra"

"Juro por Deus que nunca vivemos um Eid como este, cheio de tristeza, medo, destruição e devastação" causada pela guerra, afirmou à AFP Ahmed Qishta, de 33 anos.

"Tentamos ser felizes, mas é difícil, difícil, difícil", enfatizou este pai de quatro filhos, morador de Gaza, mas deslocado para  Rafah.

Para Abir Sakik, que vive com sua família em uma barraca de acampamento na cidade do extremo sul, o Eid costuma ser acompanhado de "um ambiente suave, brinquedos para crianças, bolos, bebidas e chocolate em cada casa".

No entanto, este "é um Eid de tristeza e cansaço. Eles destruíram Gaza", declarou a mulher de 40 anos. "Chega, chega de guerra e destruição", pediu em prantos, afirmando que os moradores de Gaza esperam desesperadamente por uma trégua.

Em vez das montanhas de bolos feitos pelas famílias para as celebrações, um morador conta que deu aos seus filhos os doces dos suprimentos fornecidos pelas Nações Unidas.

É um dia sem o calor dos encontros familiares. "Não podemos nem mesmo entrar em contato com nossos entes queridos" por não ter internet, nem telefone, disse Mu'een Abu Ras, um palestino de 44 anos.

Sem alegria

Em Jerusalém Oriental, milhares de fiéis compareceram, sob alta vigilância policial, à Esplanada das Mesquitas, onde fica a mesquita Al-Aqsa.

"Todo mundo está pensando no que está acontecendo em Gaza", afirmou Zaki, de 37 anos, morador de Jerusalém Oriental — a parte palestina da cidade ocupada e anexada por Israel.

"Este ano, não há alegria. Apenas vamos visitar nossos parentes em casa. Nos sentiríamos culpados se fizéssemos algo alegre", acrescentou.

A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas em Israel em 7 de outubro, que deixou 1.170 mortos, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em números oficiais israelenses.

Além disso, mais de 250 pessoas foram sequestradas. Cerca de 129 continuam detidas em Gaza, das quais 34 teriam morrido, segundo as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que deixou mais de 33.400 mortos em Gaza, a maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino.

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