Peregrinação na Grande Mesquita em Meca
Wikimedia Commons/Ali Mansuri
Peregrinação na Grande Mesquita em Meca

No próximo domingo (10) começa o Ramadã, o período mais importante do ano para os seguidores do Islã. Esta data sagrada tem assumido um papel ainda mais significativo diante da escalada de conflitos entre Israel e o grupo militante palestino Hamas, na Faixa de Gaza, pois marca o prazo máximo para eventuais negociações para a libertação de reféns e um cessar-fogo. Mas afinal, o que é o Ramadã e qual a sua importância?

O que é o Ramadã?

O Ramadã, ou Ramadan, é o nono mês do calendário islâmico e representa um período sagrado para os muçulmanos em todo o mundo. Durante esse mês, os fiéis seguem uma série de práticas para cultivar a espiritualidade, a solidariedade e o estreitamento de laços com Deus - em árabe, Allah.

Este período varia anualmente de acordo com o calendário lunar islâmico e é determinado pela observação da lua nova. Em 2024, o Ramadã começa em 10 de março e termina em 9 de abril.

Qual a sua importância?

O período é o mais importante do ano para os muçulmanos pois, segundo a crença islâmica, foi durante o Ramadã que Allah (Deus) revelou o livro sagrado, o Alcorão, para o Profeta Maomé, como "um guia para a humanidade e prova de orientação e julgamento".

Sendo assim, além de ser uma época de intensa devoção espiritual, o Ramadã é considerado uma oportunidade para os muçulmanos se aproximarem de Allah, se dedicarem à reflexão e à renovação espiritual, e demonstrarem solidariedade com os menos afortunados. Nessa época, os fiéis devem:

  • Fazer jejum durante o dia e orar à noite;
  • Fazer caridade durante a "noite de predestinação";
  • Adorar e obedecer a Allah, afastando-se de maus hábitos.

Durante o Ramadã, os fiéis costumam fazer doações para instituições de caridade e alimentar aqueles que passam fome, para exercitar o senso de união e compaixão. Além disso, muitos optam por passar parte do dia em mesquitas orando e recitando o Alcorão.

Saum, o jejum para exercitar a compaixão e a oração

Como mencionado, uma das práticas do Ramadã — e a mais conhecida — é o jejum durante o dia. No Islã, a prática é chamada de Saum e, ao contrário do que os leigos pensam, ela não se limita apenas à comida. As abstenções estendem-se a tudo aquilo que pode afastar o espírito de Allah: bebida, tabaco e relações sexuais, por exemplo.

De acordo com a Organização Islâmica da América Latina e do Caribe, o jejum não se trata apenas de um momento para a oração e devoção, mas também de um exercício para a compulsão dos pecados e a obediência a Allah — afinal, se o fiel consegue jejuar, ele também consegue controlar seus desejos.

Além disso, o jejum tem um caráter solidário entre os fiéis, que o praticam para lembrar dos mais necessitados e exercitar a compaixão.

O jejum durante o Ramadã é obrigatório para todos os muçulmanos?

Não. A fé islâmica permite algumas exceções ao jejum de comida, que deve ser praticado apenas por aqueles que têm condições de saúde e financeiras. Sendo assim, crianças, pessoas doentes, idosos, mulheres grávidas, em amamentação ou menstruadas, viajantes e atletas em período de competição não são obrigados a jejuar.

Para esses casos, a orientação é realizar o jejum no restante do ano antes do próximo Ramadã. As pessoas que não têm condições de cumprir o jejum, por sua vez, devem alimentar uma pessoa necessitada por dia de Ramadã.

O que acontece no fim do Ramadã?

No fim do período sagrado, os muçulmanos celebram uma festa chamada Eid al-Fitr, conhecida como o feriado do desjejum. Esta celebração marca o sucesso dos fiéis em superar suas vontades e exercer o autocontrole durante o mês. No Eid al-Fitr, todos os muçulmanos fazem uma doação a pessoas necessitadas, chamada Zakat al-Fitr, com o objetivo de que elas também possam desfrutar da festividade.

É um momento de muita alegria, comunhão e gratidão, onde familiares e amigos se reúnem para compartilhar refeições festivas e trocar presentes.

O que os turistas devem saber sobre o Ramadã?

O Ramadã é amplamente praticado em países onde o Islã é a religião predominante, como Indonésia, Paquistão, Índia, Bangladesh, Nigéria, Egito, Irã e Turquia, entre outros. Por isso, os turistas que estiverem nessas regiões durante o período sagrado devem ter um cuidado especial para curtirem a viagem sem demonstrarem desrespeito aos religiosos.

Em primeiro lugar, é importante ter respeito pelos costumes locais, como o jejum durante o dia, por exemplo. Isso significa evitar comer, beber ou fumar em público durante as horas de jejum, especialmente em áreas onde a prática do Ramadã é mais rigorosa.

Além disso, os turistas devem ter em mente que muitos estabelecimentos comerciais e serviços públicos podem ter horários reduzidos ou limitados durante o Ramadã, devido às práticas religiosas e às mudanças nos padrões de vida diária da comunidade muçulmana.

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