A vereadora Benny Briolly (PSOL) vai registrar a ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, no Centro do Rio, na tarde desta segunda-feira, após sofrer ameaça de morte. No último domingo (19), a parlamentar recebeu um e-mail no qual o remetente afirma que irá atirar nela.
"O medo é constante, ainda mais sabendo que tem pessoas e grupos organizados para poder tirar sua vida. O medo é constante, real, presente, e a gente tenta trabalhar com isso. A insegurança de não saber se vai acordar viva ou não", diz a vereadora.
Esse é mais um caso de ameaça à vereadora. No início do ano, Benny chegou a deixar o país após uma das mensagens se destacar no meio de tantas outras, no qual trazia o endereço da vereadora à época. A volta da parlamentar ocorreu em maio. As mensagens, no entanto, segundo ela, acontecem desde a candidatura. Benny é a primeira vereadora trans do estado do Rio.
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"É lamentável, triste, desesperador, mais uma ameaça, ameaças e ameaças, e não ter nenhuma resolução, nenhum parecer dos órgãos competentes para poder dizer de onde vêm as ameaças, de onde elas partem, não ter nenhuma estrutura de segurança do Estado brasileiro. É ser impedida, ser silenciada e não poder ter meu exercício parlamentar, é ficar à mercê de um estado e ao mesmo tempo da ausência das políticas de proteção da minha integridade, minha segurança, mesmo depois de saber que minha amiga de partido Marielle Franco foi executada e até hoje nós não temos uma resposta sobre isso", lamenta Benny.
Segundo a parlamentar, no momento, a proteção policial que possui é a permanência de um carro com agentes em frente à casa onde mora e na Câmara de Niterói.
Nos últimos dias, após a realização do Festival das Encruzilhadas no Quilombo Urbano Xica Manicongo, em Niterói, a vereadora tem relatado casos de racismo e de transfobia por meio das redes sociais. Alunos de uma escola municipal da cidade participaram do evento, no último dia 10. As imagens foram alvos de comentários de pessoas contra a presença das crianças no festival, embora a unidade de educação, a Secretaria Municipal de Educação e a Fundação Municipal de Educação tenham afirmado que o passeio teve o consentimento dos responsáveis legais dos estudantes, com idade de 4 a 5 anos.
"(Foi) Uma atividade sobre a nossa ancestralidade, e recebi um grupo de crianças de uma escola, numa visita onde também estavam algumas figuras artísticas. E esse grupo começou a sofrer ataques de racismo religioso", afirma.