Críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), sensação de impotência no Legislativo e status de "mártir" para o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ). Bandeiras frequentes entre bolsonaristas ganharam eco no Congresso Politicamente Incorreto (CPI), organizado pelo deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) neste sábado em um clube em Niterói, Rio. A surpresa foi a presença de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) investigado no inquérito das rachadinhas . Tietado com pedidos de fotos, Queiroz chegou discretamente ao evento, mas mostrou articulação em conversas com os políticos presentes.
No palco ao centro do auditório, nas dependências do clube, palestraram os convidados do congresso, que teve início por volta das 10h. Mas somente pouco depois de meio-dia que ex-assessor da família Bolsonaro chegou ao local. Inicialmente, sem ser notado, se posicionou à direita dos palestrantes onde, a essa altura, já estava Daniel Silveira. O local era próximo ao reservado para os políticos presentes.
Não demorou para que alguns se juntassem em pequenos grupos para conversar e tirar fotos com o ex-assessor de Flavio, a exemplo do deputado bolsonarista preso por ataques ao STF. A presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), deputada Bia Kicis, também aproveitou para conversar com Queiroz.
Ao fim da primeira parte do evento, o grupo se juntou para fotos em conjunto no palco. Foi neste momento em que Queiroz foi notado por alguns dos espectadores do congresso, que tietaram e pediram fotos com o ex-assessor. Abordado pela reportagem, no entanto, Queiroz disse que não daria entrevista.
O evento foi aberto com uma breve pregação do ex-candidato a prefeito de Niterói, Allan Lyra (PTC), que, em meio a uma oração do “Pai Nosso” e da reprodução Hino Nacional Brasileiro, questionou o que chamou de “ativismo judiciário”. As críticas foram à atuação dos ministros do STF por medidas contra bolsonaristas, como Silveira, após ataques contra as instituições democráticas.
O anfitrião, Carlos Jordy, foi o primeiro a palestrar com o tema “Disfuncionalidades da Constituição e os desafios para vencer o estabilishment”. Entre os obstáculos elencados por ele esteve o pluripartidarismo, que, segundo ele, prejudicou o avanço de projetos do presidente Jair Bolsonaro no Legislativo.
Entre críticas ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido) e afagos ao atual, Arthur Lira (PP-AL), ele criticou a atuação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Para Jordy, Pacheco falhou em não avançar com pedidos de impeachment para ministros do Supremo. Já Lira, segundo o deputado, contribuiu com projetos de interesse do governo federal, apesar de não ser completamente fiel a Bolsonaro.
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Jordy também criticou a atuação do STF em prender aliados do presidente da República. Para ele, a solução seria eleger novos representantes conservadores e colocar “um de nós na presidência” da Casa, para que fossem abertos pedidos de impeachment contra ministros da Corte.
“O presidente tem que se engajar na eleição de deputados, como foi em 2018. E na eleição do Senado. Para superar o pluripartidarismo e aprovar projetos conservadores”, disse Jordy.
“Basta um de nós na presidência do Senado para aprovar um pedido de impeachment de um ministro do STF e acabar com essa patifaria toda”, completou o parlamentar.
Gritos de ‘Senado’ para Silveira
A frase foi o gancho para uma surpresa aos presentes: a chegada de Daniel Silveira , que não estava previsto na programação do evento. De volta recentemente à atuação na Câmara, o deputado foi aclamado e recebido aos gritos de “Senado”, um pedido para que ele se candidate à Casa nas eleições de 2022.
Ao subir no palco, ele brincou com Jordy, seu amigo, e questionou sua prisão. Ainda sob medidas cautelares, porém, ele foi contido e não fez críticas incisivas aos ministros do Supremo. Ao descer do palco, enquanto outros convidados palestravam, enfrentou uma fila de fãs que o abordaram para fotos e abraços.
Mario Frias não comparece
Previsto como a segunda atração do evento, em bate-papo com o ator Thiago Gagliasso, o Secretário Especial de Cultura do Governo Federal nao compareceu. Ao informar da ausência, a assessora de Jordy informou que ele foi impedido de comparecer por medidas de combate à pandemia. Mais tarde, foi informado que ele estava cumprindo quarentena de quatro dias por ingressar no Brasil sem o passaporte sanitário.