O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, investigado no esquema de "rachadinhas" no antigo gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), afirmou nesta terça-feira que sonha em retomar a amizade com o presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao SBT, o ex-assessor parlamentar disse ainda que saiu do Rio de Janeiro para não ser morto.
Após três anos em silêncio sobre o caso em que é investigado, Queiroz disse que "se Deus quiser" vai provar sua inocência e negou a existência de rachadinhas. Ele é apontado como organizador do esquema de devolução de parte do salário dos servidores na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na época em que Flávio Bolsonaro era deputado estadual.
"Se Deus quiser vou provar a minha inocência. Meu sonho é voltar a ter amizade com o presidente", disse, em entrevista ao SBT.
O aceno público a uma reconciliação com o presidente da República ocorre meses após ele ter exposto em suas redes que havia sido abandonado por aliados de Bolsonaro. Em 7 de setembro, Queiroz participou de ato em apoio ao chefe do Executivo. As manifestações tinham pautas antidemocráticas, entre elas ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso.
Queiroz alegou ainda que deixou o Rio de Janeiro por medo de ser morto. O eventual crime, segundo ele, teria o intuito de culpar Jair Bolsonaro.
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"Seria queima de arquivo para cair na conta do presidente, como aconteceu com o capitão Adriano (da Nóbrega)", afirmou o ex-assessor em alusão ao miliciano morto em operação policial na Bahia no ano passado.
Adriano é apontado como líder do chamado Escritório do Crime, uma das mais poderosas mílicias do Rio. De acordo com o Ministério Público, ele também estaria implicado no esquema das rachadinhas no antigo gabinete de Flávio.
Queiroz também negou ter contato pessoal com Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, e disse que só o conhece pela TV. O policial militar afirmou que ficou na asa do defensor em Atibaia, no interior de São Paulo, apenas para um realizar um tratamento de sáude. Wassef, por sua vez, o abrigou para proteger o presidente, segundo o ex-assessor.
Na entrevista, disse ainda que Wassef não é o "Anjo" mecionado em mensagens trocadas com familiares sem expressão direta ao nome do advogado. O MP do Rio, no entanto, obteve um áudio da mulher de Queiroz, Marcia Aguiar, que vincula diretamente o defensor à alcunha.