Horas após a divulgação de denúncias de servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sobre interferências na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minimizou as queixas. Para ele, se trata apenas de um alinhamento com a sua gestão.
"O que eu considero é muito também, começa agora a ter a cara do governo, né, as questões da prova do Enem", declarou nesta segunda-feira (15), em Dubai, nos Emirados Árabes. "Ninguém precisa ficar preocupado, aquelas questões absurdas do passado que caíam tema de redação que não tinha nada a ver com nada. Realmente é algo voltado para o aprendizado", defendeu, segundo o G1.
Na noite deste domingo (14), o Fantástico exibiu uma reportagem feita com servidores do Inep que revelaram sofrer pressão psicológica e vigilância velada na formulação de questões do exame. O objetivo era evitar perguntas que incomodassem o governo e, para isso, supervisores tentavam interferir no conteúdo da prova, com intimidações.
Antes dessas revelações, ao longo da semana, 37 servidores pediram exoneração de seus cargos no instituto
- a debandada ocorre às véspera da realização do exame, com provas marcadas para 21 e 28 de novembro
. Eles acusam o presidente do órgão, Danilo Dupas, de "fragilidade técnica e administrativa" e de assédio moral.
Em meio a isso, a Frente Parlamentar de Educação pretende votar um pedido de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara para que o Inep detalhe os fatos narrados. O Senado foi mais rápido e já aprovou sua audiência
para ouvir os coordenadores do órgão. Dupas nega as acusações.