Conhecido agora na internet brasileira como o " patriota do caminhão ", o empresário Junior Peixoto , 41, teve sua vida mudada de uma hora para outra após o vídeo dele agarrado a um caminhão ter viralizado nas redes sociais. Ele participava de um ato antidemocrático que rejeita a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) em Caruaru - PE.
Confira:
Em entrevista à Folha, o empresário admitiu que se sente exposto com a repercussão das imagens. Ele ainda falou que não tem comentado sobre o resultado das eleições, pois acha um tema "muito delicado para um cidadão comum, que não tem nenhum tipo de imunidade".
Apesar de ter virado meme e ter sido exposto nas redes, Peixoto diz que não se arrepende de votar em Bolsonaro e apoiaria o presidente caso houvesse um novo pleito. Mas ele ressaltou, também, que os movimentos que tomaram as rodovias na última semana são pelo Brasil, e não pelo mandatário.
"Sou eleitor de Bolsonaro, se houver a oportunidade de ele pleitear uma campanha novamente, eu votarei nele, farei campanha, farei o que for possível, porque ele me representa. Mas o movimento, em si, deixou de ser por Bolsonaro. O movimento em si é pelo Brasil" , afirma.
Quando perguntado sobre o fato de ter se agarrado no veículo, Júnior diz que agiu no impulso, como uma forma de defesa, e não para tentar impedir a passagem do veículo em um bloqueio.
De acordo com Peixoto, ele havia acabado de chegar no bloqueio. Os manifestantes estavam conversando sobre a desobstrução de uma das duas faixas da rodovia. Pneus e pedras começaram a ser retirados, para permitir a passagem dos veículos.
"Então, quando começaram a liberar eu escutei quando o motorista colocou a marcha no caminhão. Virei para ele e acenei. Eu estava a uma distância de 2 metros do caminhão e gesticulei pedindo um pouco de paciência. Não sei se ele interpretou isso errado, pensou que iria fechar a BR novamente, e aí ele acelerou", contou o empresário à Folha.
Segundo Peixoto, como ele já estava com as mãos levantadas e gesticulando, a reação imediata foi segurar o limpador do para-brisas.
"Graças a Deus que eu tive essa reação, porque hoje eu poderia estar morto. Ele acelerou a máquina para o meu lado e veio com tudo", afirmou.
A versão de Peixoto sobre o acontecido desencontra o que foi narrado pelo motorista do caminhão, que gravou a cena. No vídeo, o motorista afirma que "o cara subiu aí e disse que não vai descer".
De acordo com o empresário, o material que foi retirado para desobstruir a via começou a ser jogado pelos manifestantes embaixo dos pneus do caminhão, em uma tentativa de pará-lo. E, aparentemente, o motorista se assustou e acabou acelerando mais.
Peixoto calcula que foram percorridos cerca de 6 quilômetros com ele agarrado ao caminhão, trajeto que teria durado mais ou menos oito minutos. Ele acredita que, em algum momento, o veículo tenha passado dos 100 km/h, o que o deixou bastante assustado.
"Quando o caminhão começou a desenvolver velocidade, eu estava certo que iria morrer. Estava convicto que aquele era o meu último dia de vida" , disse.
Conforme ele, em nenhum momento houve diálogo com o motorista. "Fixei o olhar, por umas duas ou três vezes, e perguntei: ‘você vai me matar, não é?’ Aí, acho que começou a pesar na consciência dele e ele começou a parar."
Ele desceu do veículo em um trecho mais afastado do centro e pegou carona para voltar à cidade e, posteriormente, chegar em casa.
Segundo o empresário, mesmo após descer do caminhão, não houve diálogo com o motorista.
Júnior Peixoto diz que não tem acompanhado os desdobramentos do caso nas mídias sociais e que um dos motivos é o fato de não ter o costume.
"Mas confesso que estou bastante assustado, porque este não é meu universo [redes sociais]. Me senti exposto. Inclusive, teve um site que divulgou meu nome e minhas mídias sociais", disse à Folha.
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