Barroso deixará o STF
Antonio Cruz/Agência Brasil
Barroso deixará o STF

A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, anunciada aos 67 anos, abre espaço para uma nova indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao STF (Supremo Tribunal Federal).

EntendaBarroso diz ter esperado “julgamento do golpe” para se aposentar

O magistrado, nomeado pela então presidente Dilma Rousseff em 2013, deixará o cargo após mais de 12 anos na Corte, oito anos antes do limite constitucional de 75 anos.

Em seu discurso de despedida, Barroso afirmou que a decisão foi pessoal e motivada pelo desejo de se afastar da exposição pública e dedicar mais tempo à vida fora do tribunal.

Com a saída, Lula fará sua terceira indicação ao STF neste mandato — número superior ao total de nomeações feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O momento é considerado estratégico, em um cenário político de disputas entre Executivo e Legislativo e de decisões do Supremo com impacto direto na governabilidade.

A Corte tem desempenhado papel central em temas como as emendas impositivas no Orçamento e as propostas de emenda constitucional que alteram o equilíbrio entre os Poderes.

Durante os dois primeiros anos de governo, Lula nomeou Cristiano Zanin e Flávio Dino. As escolhas apontam para um padrão de perfil que combina reputação técnica, experiência política e relação de confiança com o presidente.

Zanin, advogado que representou o presidente em processos da Operação Lava Jato, tem postura considerada garantista e foco na estabilidade institucional.

Dino, ex-senador e ex-ministro da Justiça, tem trajetória no campo progressista e é identificado como uma voz próxima ao governo dentro do Supremo.


Segundo avaliação de analistas próximos ao Planalto, a tendência é que o próximo nome siga linha semelhante.

“Acredito que Lula escolherá alguém que seja mais politizado, sendo homem ou mulher. O que não deve ocorrer é que a escolha seja alguém com a personalidade do Flávio Dino. Jorge Messias e Rodrigo Pacheco, que são cotados, são mais próximos do Zanin na postura e comportamento. Esse deve ser o caminho”, afirmou Marcelo Alves.

Para o governo, a presença de ministros com perfil jurídico sólido e disposição para o diálogo é fundamental, especialmente em contextos de embates com o Congresso Nacional.

A indicação de um nome capaz de sustentar o equilíbrio entre independência técnica e afinidade política é vista como prioridade.

Lula tem valorizado magistrados que possam enfrentar disputas institucionais quando o Executivo considerar que outros Poderes extrapolam suas funções.

O sucessor de Barroso deverá manter o padrão de reputação ilibada e qualificação técnica exigido pela Constituição, com um grau de alinhamento político que preserve a confiança do governo. Ainda não há data definida para o anúncio da indicação, que dependerá de aprovação pelo Senado.

Lula I e II

Lula já indicou 11 ministros ao longo da sua trajetória
Reprodução/Youtube
Lula já indicou 11 ministros ao longo da sua trajetória


As nomeações anteriores de Lula entre 2003 e 2010 ajudam a delinear esse perfil. Cezar Peluso, com trajetória técnica e mais distante do PT, foi escolhido com apoio do então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

Ayres Britto, ligado ao partido desde antes de sua indicação, representava a vertente jurídica progressista e acadêmica.

Joaquim Barbosa, primeiro ministro negro do STF, tinha postura técnica e independente, enquanto Eros Grau possuía vínculos políticos com o PSDB, então oposição ao governo.

Ricardo Lewandowski, vindo do Tribunal de Justiça de São Paulo, destacava-se pela defesa das garantias constitucionais e dos direitos individuais.

Cármen Lúcia, ex-procuradora e com histórico de atuação institucional, também foi indicada por Lula, com perfil técnico e prestígio entre juristas.

Carlos Alberto Menezes Direito, ligado ao PMDB, e Dias Toffoli, ex-advogado-geral da União e próximo ao PT, completam o conjunto de indicações feitas nos dois primeiros mandatos.

O grupo formado nesses anos refletia uma combinação de perfis. Havia ministros de orientação mais garantista, como Lewandowski, e outros de postura mais rígida e técnica, como Peluso e Barbosa.

Também havia espaço para juristas com vínculos progressistas, como Britto e Toffoli. O equilíbrio entre legitimidade jurídica, representatividade política e credenciais institucionais marcou as escolhas do período.

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