
A diferença de postura entre o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ficou evidente após a derrubada do decreto que aumentava o IOF.
Enquanto Guimarães optou por um tom mais conciliador em relação ao Congresso, Haddad adotou discurso mais incisivo, classificando a medida como “flagrantemente inconstitucional”.
Guimarães reconheceu a derrota do governo, mas evitou ataques ao Legislativo ao explicar o motivo do Palácio do Planalto entra com uma ação no STF para derrubar a medida.
Ele afirmou que a decisão do Congresso representou uma perda para o país e criticou a falta de diálogo por parte do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos).
Ainda assim, o líder manteve a linha de preservação institucional e tentativa de reaproximação com a base aliada no Congresso.
Conforme apurou o Portal iG, Guimarães foi orientado a não adotar a estratégia do governo. O deputado fez um discurso “morde e assopra” em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (1°).
O posicionamento de Guimarães contrasta com o de Haddad, que enfatizou a dimensão fiscal da revogação e os impactos sobre o orçamento, mencionando a necessidade de cumprir metas econômicas e combater privilégios.
O decreto revogado previa arrecadação de R$ 10 bilhões com o aumento do IOF. A votação, conduzida por Hugo Motta e pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), foi aprovada na Câmara por 383 votos a 98, sem comunicação prévia ao Executivo.
O episódio foi interpretado como um revés enorme para o governo, que contava com a medida para equilibrar o orçamento e sustentar programas sociais.
Papéis diferentes

A diferença de tom entre Guimarães e Haddad reflete também os papéis distintos que ambos ocupam. Como articulador político, o líder do governo atua para manter o diálogo com o Legislativo, mesmo diante de crises.
Haddad, por sua vez, concentra-se na defesa técnica da política econômica e da estratégia fiscal da administração federal. Além disso, o ministro é tratado como principal nome para ser o sucessor de Lula dentro do PT.
O Palácio do Planalto seguirá a ofensiva contra o Congresso Nacional, colocando-se como defensor da “justiça social” ao pautar temas que taxam e acabam com os privilégios dos milionários.
Na tarde de hoje, o governo federal publicou uma série de imagens dizendo que as pautas defendidas pela gestão Lula são "impostos para os super-ricos, IR zero para quem ganha até R$ 5 mil por mês, fim da escala seis por um, menos privilégios fiscais para ricos, salário mínimo justo e com aumento real e garantia de continuidade dos programas sociais".