O deputado ainda ressaltou que os rumores de que o governo teria traído com a votação do PDL são fake
Câmara dos Deputados/Reprodução
O deputado ainda ressaltou que os rumores de que o governo teria traído com a votação do PDL são fake

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta(Republicanos), usou as redes sociais, nesta segunda-feira (30), para falar sobre os rumores de que o Executivo tenha sido surpreendido com a i nclusão do Projeto de Decreto Legislativo (PDL), que derrubou a medida do governo federal de reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), na pauta do Congresso . Segundo o deputado, o governo foi avisado que o aumento do tributo teria "dificuldade de ser aprovada no parlamento". 

"Capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa, não é leal, é cúmplice. E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no parlamento", disse o presidente da Câmara. 

Motta defendeu sua iniciativa de pautar a derrubada do IOF, pois, segundo ele, o presidente de qualquer Poder deve agir de acordo com os interesses da população. "O presidente de qualquer Poder não pode servir a um partido, ele tem que servir ao seu país", acrescentou.

O deputado ainda ressaltou que os rumores de que o governo teria traído com a votação do PDL são fake. Ele também ironizou as críticas que recebeu após a derrubada do decreto, de que teria uma relação de "morde e assopra" com o Executivo. 

"Se uma ideia for ruim para o Brasil, eu vou morder, mas se essa ideia for boa, eu vou assoprar para que ela possa se espalhar por todo o país", garantiu. "Ser de centro não é ter ausência de posição, é ter ausência de preconceito e podem ter certeza, se uma ideia for boa, nós vamos defender e assoprar para que ela possa atingir todos os brasileiros e brasileiros", completou.

Motta criticou a polarização política no país

O presidente da Casa Baixa também aproveitou para criticar a polarização política do "nós contra eles". Segundo o deputado, quem alimenta essa rivalidade acaba governando contra todos e ressaltou que a aprovação do PDL que derrubou o IOF recebeu votos de parlamentares de esquerda e direita. 

"Quem alimenta o 'nós contra eles' acaba governando contra todos. A Câmara dos Deputados, com 383 votos de deputados de esquerda e de direita, decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, que afeta toda cadeia econômica. A polarização política do Brasil tem cansado muita gente, e agora querem criar a polarização social”, disse em vídeo publicado no Instagram

Motta ressaltou que, no mesmo dia em que os deputados aprovaram a derrubada do decreto do IOF, outras medidas de interesse para o país foram chanceladas pela Câmara. "Aprovamos um projeto de lei que garante a isenção do pagamento de imposto de renda para as pessoas que ganham até dois salários mínimos", pontuou. 

O que aconteceu

Motta anunciou, no fim da noite do último dia 24 ,que colocaria em votação, já no dia seguinte, o PDL que suspende os efeitos do decreto presidencial que aumentou o IOF. Como prometido, a Câmara aprovou o texto. 

Em uma movimentação incomum pela velocidade, o Senado recebeu a proposta na mesma noite, pautou e aprovou a matéria em Plenário. O resultado representou uma derrota histórica para o governo federal, que viu ruir um dos pilares de sua estratégia para aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal.

A crise envolvendo o IOF começou em 22 de maio, quando o presidente Lula assinou um decreto que reajustou as alíquotas do imposto, com diferentes mudanças para empresas, pessoas físicas e investidores. O governo argumentou que as alterações tinham como objetivo unificar a cobrança entre operações semelhantes e combater distorções no sistema tributário.

As mudanças nas alíquotas do imposto vieram acompanhadas de um contingenciamento de R$ 30 bilhões no orçamento. A medida, segundo o governo, serviria para conter despesas diante de frustrações de receitas, como a perda de arrecadação provocada pela desoneração da folha de pagamentos, que gerou um rombo estimado em mais de R$ 20 bilhões. Segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, a previsão de déficit primário para 2025 subiu de R$ 29,5 bilhões para R$ 97 bilhões.

A repercussão do aumento do IOF foi imediata no Congresso. Parlamentares, especialmente da oposição e representantes do setor produtivo, passaram a criticar duramente o decreto. A pressão se intensificou e, no mesmo mês, o deputado Zucco (PL) protocolou o PDL 214/2025, pedindo a sustação dos efeitos do decreto. O texto ganhou urgência e chegou a ser pautado, mas Motta decidiu adiar a votação para que o governo apresentasse alternativas.

Ao longo de semanas, reuniões foram realizadas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e lideranças da Câmara e do Senado. Como resultado, no dia 11 de junho o governo publicou um novo pacote de medidas, incluindo a Medida Provisória 1.303/2025 e um novo decreto do IOF com alíquotas reduzidas.

A MP promoveu mudanças na tributação de investimentos e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), elevou a carga sobre apostas esportivas e trouxe dispositivos para combater fraudes fiscais. A expectativa do Planalto era de que o pacote fosse suficiente para encerrar a crise.

Não foi o que aconteceu. No mesmo dia da publicação do novo decreto, Zucco apresentou o PDL 314/2025, agora contra a versão revisada do aumento do IOF. Apesar do acordo construído com o governo, Motta decidiu pautar o novo PDL, que teve a urgência aprovada em 16 de junho. O gesto foi visto por aliados do Planalto como uma quebra de compromisso.

Nos bastidores, líderes da base criticaram a decisão de Hugo Motta de levar o texto a voto, alegando que ele cedeu à pressão da oposição e enfraqueceu o esforço conjunto que vinha sendo feito com o Executivo. “Como deputado e líder do PT, fui surpreendido com a divulgação da pauta de votações de amanhã. Entre os temas a serem apreciados, está o PDL que anula o Decreto do IOF. Em sessão virtual? Esse é um assunto sério demais para o país”, protestou o deputado Lindbergh Farias (PT).

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