A Polícia Federal condicionou a possibilidade de acordo de delação premiada com o general Mário Fernandes à apresentação de informações sobre indivíduos ainda não investigados no caso que apura a trama para um golpe de Estado no Brasil .
Fernandes é um dos principais suspeitos de planejar ações golpistas, incluindo conspirações para atentar contra as vidas do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP).
De acordo com a investigação, reveladas pelo Portal UOL, o general teria desempenhado um papel central na organização de um plano para invalidar as eleições de 2022 e impedir a posse de Lula.
Fernandes foi apontado como um dos militares mais engajados em ações golpistas e teria solicitado a colaboração do general Luiz Eduardo Ramos para envolver o então presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) no esquema.
Em um áudio obtido pela apuração, Fernandes afirmou: "Se o senhor tá com o presidente agora e ouvir a tempo, porra, blinda ele contra qualquer desestímulo, qualquer assessoramento diferente. Isso é importante, kid preto. Força."
Atualmente, Fernandes estaria considerando a colaboração com as autoridades. Ele poderia trazer novos elementos sobre o possível envolvimento do ex-presidente Bolsonaro e do general Walter Braga Netto.
A PF busca também identificar outros participantes da trama que ainda não foram investigados. O relatório final da investigação é considerado robusto o suficiente para embasar uma eventual denúncia contra os envolvidos.
Fernandes incomodado
Segundo a reportagem do UOL, Fernandes estaria incomodado com a narrativa de que ele seria o principal responsável pelo golpe.
Ele estaria disposto a fornecer provas e esclarecer o papel de outros indivíduos no caso, com a intenção de reduzir sua pena. No entanto, a colaboração dele não configuraria um termo de delação formal.
Após a posse de Lula em 2023, Fernandes assumiu o cargo de assessor de Eduardo Pazuello (PL-RJ). Embora tenha sido mencionado no relatório da PF, Luiz Eduardo Ramos, superior direto de Fernandes à época, não foi indiciado.