As campanhas de Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Ricardo Nunes (MDB-SP) sofreram adaptações ao longo do primeiro e segundo turnos das eleições municipais devido ao chamado “efeito Pablo Marçal ”.
Durante a pré-campanha, ambos os candidatos buscavam polarizar a disputa, com Boulos representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Nunes tentando atrair eleitores identificados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).
A rejeição de Bolsonaro na capital paulista, no entanto, levou Nunes a adotar uma postura menos focada no ex-presidente, buscando atrair o eleitorado mais à direita sem centralizar o ex-presidente na campanha.
Inicialmente, ambas as campanhas previam uma disputa acirrada no primeiro turno, com a possibilidade de que a eleição fosse decidida já nessa etapa. A entrada dos candidatos Datena (PSDB-SP) e Pablo Marçal (PRTB-SP) alterou esses planos, pois a expectativa era que Datena conseguisse mais de 10% dos votos e Marçal cerca de 6%, o que deixaria a decisão para o segundo turno.
No entanto, Marçal se destacou como uma força eleitoral e midiática que superou as expectativas, capturando o voto dos chamados “bolsonaristas raiz” e eleitores “antissistema”, o que deslocou Nunes para uma posição mais centralizada.
Aliados de Nunes relataram que a campanha mudou a estratégia, buscando apresentar o prefeito como um político experiente e moderado, em contraste com os perfis dos outros candidatos. “Marçal levou a eleição para o radicalismo. Nós fomos o contraponto”, explicou um dos companheiros do prefeito.
Essa alteração foi considerada arriscada, mas apontada como essencial para garantir a passagem do prefeito ao segundo turno. Outro aspecto importante foi o uso da imagem do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), cuja presença foi vista como decisiva para a vitória.
O lado do Boulos
Do lado de Boulos, a estratégia inicial consistia em suavizar a imagem do deputado, apresentando-o como um político responsável e conciliador.
No entanto, com o avanço de Marçal e a entrada de Tabata Amaral (PSB-SP) no cenário, a equipe do psolista avaliou que precisava adotar uma postura mais combativa nas últimas semanas do primeiro turno e, especialmente, no segundo turno para tentar reverter o quadro.
Ainda assim, essa reação foi considerada tardia, resultando em uma derrota para o deputado. “Pensamos em uma eleição e ocorreu outra. Agora é refletir e corrigir os erros para o futuro”, disse um dos profissionais que participou da campanha.
A análise final da campanha de Boulos é de que o desempenho eleitoral indicou a necessidade de reduzir a taxa de rejeição, e a expectativa de seus aliados é que ele trabalhe para aumentar sua base de simpatizantes.
Os aliados ouvidos pela reportagem dizem que o resultado trouxe uma mensagem clara sobre a importância de expandir o alcance de seu discurso para conquistar mais eleitores em futuras disputas. “Competência e carisma ele tem. Precisa agora convencer mais gente”, pontuou um colega.