A Arquidiocese de São Paulo disse estar acompanhando com "perplexidade" as notícias sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que teria o padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, com um dos alvos.
Em nota divulgada nessa quarta-feira (3), a instituição disse que a possibilidade de abertura de uma CPI "coloca em dúvida" a atuação do padre no serviço pastoral à população em situação de rua.
"Perguntamo-nos por quais motivos se pretende promover uma CPI contra um sacerdote que trabalha com os pobres, justamente no início de um ano eleitoral?", questionou.
"Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o vigário episcopal da Arquidiocese de São Paulo para o ‘Povo da Rua’ e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade", escreveu a assessoria da Arquidiocese.
O comunicado foi emitido após a divulgação da possível instalação da CPI das ONGs, encabeçada pelo vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União). O pedido para a abertura da comissão foi protocolado em 6 de dezembro do ano passado e a expectativa é que ela comece em fevereiro, com a retomada das atividades na Câmara Municipal da capital paulista.
Além do padre Júlio Lancellotti,
duas entidades devem ser alvos da CPI: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (ou Bompar) e o coletivo Craco Resiste, que levanta a bandeira contra a violência policial na cracolândia, como divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo
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Nas redes sociais, o padre reconheceu a abertura de CPIs, dizendo ser uma prerrogativa do poder Legislativo, mas destacou que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou ONG que utilize de convênio com o poder público municipal.
"A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez não se encontra vinculada de nenhuma forma às atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para a criação da CPI em questão", disse.