Nesta quinta-feira (14), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de janeiro da Câmara Legislativa do Distrito Federal deve ouvir o hacker Walter Delgatti Neto. A oitiva vai ocorrer por meio de videoconferência após problemas logísticos para transportar Delgatti de São Paulo para Brasília.
O hacker está preso no interior de São Paulo, em Araraquara, e já havia dito que tinha o desejo de participar da CPI da Câmara do DF para contar a sua versão sobre os ocorridos dos quais é acusado. Delgatti ganhou repercussão após ter invadido celulares de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato.
À Polícia Federal, o hacker disse que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pediu que ele invadisse as urnas eletrônicas, além de contas de e-mail e o celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com ele, a parlamentar teria pago a ele uma quantia de R$ 40 mil para invadir o sistema do Judiciário. A acusação foi negada por Zambelli.
Por ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Delgatti também prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, que investiga os ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília.
Entre os pontos mencionados por Delgatti durante a oitiva, ele afirmou que o ex-mandatário pediu que ele assumisse a autoria de um suposto grampo que havia sido realizado contra Moraes.
Delgatti disse que, à época, ouviu que "agentes de fora do país" teriam conseguido realizar o grampo, mas que ele mesmo não chegou a ter acesso a essas conversas e não sabe se elas realmente existem.
Durante o depoimento, ele ainda disse que Bolsonaro teria oferecido a ele um indulto em troca de seus esforços para manipular as urnas eletrônicas nas eleições do ano passado, em que simularia a impressão de um voto falso com um "código-fonte fake".
O hacker foi preso em 2 de agosto e é alvo de uma investigação que apura a inserção de dados falsos nos sistemas de tecnologia do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre o ministro Alexandre de Moraes. As ações teriam sido registradas em janeiro deste ano, dias antes dos atos antidemocráticos registrados em Brasília.
O calendário da CPI da Câmara do DF com a oitiva do hacker foi divulgado no último dia 31. Conforme o cronograma, os próximos depoimentos são:
- 21 de setembro - Coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra;
- 28 de setembro - Ana Priscila Azevedo;
- 5 de outubro - Major Cláudio Mendes dos Santos;
- 9 de outubro - Capitão José Eduardo Natale de Paula Pereira;
- 19 de outubro - Saulo Moura da Cunha;
- 26 de outubro - Coronel Reginaldo Leitão.