O "hacker" Walter Delgatti afirmou ter ido cinco vezes ao Ministério da Defesa em 2022, a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele presta depoimento nesta quinta (17) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.
Delgatti esteve com o ex-presidente por uma hora e meia e ficou combinado por ambas as partes que ele agiria sobre as urnas eletrônicas. O encontro ocorreu em um café da manhã no Palácio da Alvorada, em 10 de agosto. Se fosse pego, Bolsonaro garantiu a ele um indulto.
"Disse que eu estaria salvando o Brasil, contou que teve acesso ao inquérito da PF [Polícia Federal] de 2018 e disse 'na parte técnica não entendo nada, preciso que você vá ao Ministério da Defesa e fale com os técnicos'", revelou Delgatti.
Walter Delgatti também contou que o relatório das Forças Armadas, publicado em 10 de novembro de 2022 e que contestava as urnas eletrônicas, foi integralmente orientado por ele. “Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse, não tem nada menos e nada mais”, concluiu.
Questionado pela relatora, Eliziane Gama (PSD), ele afirmou ter frequentado o Ministério da Defesa em cinco ocasiões diferentes para tratar de fiscalização de urnas, e que se reuniu com o ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
Ainda segundo Delgatti, como a análise do chamado código-fonte da urna eletrônica só poderia ser feita na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os técnicos do Ministério da Defesa repassavam a ele as informações colhidas no tribunal.
“Eles iam até o TSE e me repassavam o que eles viam, porque eles não tinham acesso à internet, eles não podiam levar uma parte do código; eles acabavam decorando um pedaço do código e me repassando”, explicou.