Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (16), o advogado Cezar Roberto Bitencourt, representando Mauro Cid, ex-assistente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), abordou a detenção do militar e a perspectiva de uma delação premiada.
Conforme Bitencourt, Cid exercia o papel de assessor, seguindo orientações de Bolsonaro. A investigação da Polícia Federal apontou que o tenente-coronel foi detido em 3 de maio sob suspeita de transportar presentes do governo brasileiro para os EUA com intenção de vendê-los.
Os objetos teriam sido levados no mesmo avião presidencial usado por Bolsonaro em viagem a Orlando, em dezembro do ano anterior. Sobre a fonte das ordens seguidas por Cid, o advogado destacou a importância de identificar a cadeia de comando.
“Mauro Cid, como assessor, segue ordens, cumpre ordens do chefe. [Cid] não tinha como se desvincular. Ele assessorava o presidente numa variedade de situações, além inclusive da função oficial. Quer dizer, ele servia para tudo”, declarou Cezar Roberto.
Quanto a uma eventual delação premiada, Bitencourt rejeitou a ideia inicialmente, mas indicou que a defesa consideraria tal opção se apropriado.
Cid está detido desde 3 de maio no Batalhão de Polícia do Exército em Brasília e é alvo de investigação por falsificação de cartões de vacina. Bitencourt reconheceu a validade da delação premiada, mas disse que a defesa não a está considerando no momento.
Advogado diz que Mauro Cid é inocente
Durante a entrevista, Bitencourt afirmou ter total confiança na inocência de Mauro Cid e declarou que seu cliente está sendo injustiçado.
“Mauro Cid é inocente. Absoluta certeza que o Mauro é inocente. O Mauro é uma vítima das circunstâncias. Nós achamos que ele está sendo injustiçado pelo próprio Supremo Tribunal Federal”, comentou.
O advogado também disse que o tenente-coronel está sofrendo segregação “dentro do Exército” por estar numa cela. “Isso não pode acontecer. Ninguém pode fazer isso [manter Cid numa cela], muito menos o próprio STF”, concluiu.
Investigação
Na última sexta (11), uma operação conduzida pela Polícia Federal (PF) trouxe à tona novos elementos no caso envolvendo Mauro Cid, seu pai, o general Mauro Lourena Cid, o advogado Frederick Wassef e o assessor Osmar Crivelatti. A investigação, que ganhou destaque nas últimas semanas, concentra-se em alegações de venda irregular de presentes oficiais e repasse de recursos.
O foco principal da investigação recai sobre a venda de relógios de luxo, que originalmente foram presenteados ao Brasil. Em junho de 2022, Mauro Cid teria vendido dois relógios nos Estados Unidos, obtendo um total de US$ 68 mil. Os valores das vendas teriam sido transferidos para a conta do seu pai, o general Cid, em uma conta no exterior.
Uma tentativa de venda de joias de ouro também surge como ponto de interesse nas apurações. Em dezembro de 2022, um kit de joias foi ilegalmente enviado dos Estados Unidos, país para o qual Bolsonaro e sua comitiva viajaram após o término do mandato presidencial. Essas joias chegaram a ser leiloadas nos Estados Unidos, mas não encontraram interessados.
Um dos aspectos que ganha atenção na investigação é o repasse de recursos provenientes das vendas de relógios e possíveis outras transações. Segundo a PF, esses recursos teriam sido entregues a Bolsonaro em dinheiro vivo, levantando questionamentos sobre a legalidade e transparência desses repasses.
Indícios de envolvimento direto de Bolsonaro também estão sendo explorados. A participação do ex-presidente é sugerida pela circunstância de que as joias em questão foram transportadas durante viagens presidenciais em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).
Esses indícios indicam uma possível conexão entre Bolsonaro e os presentes envolvidos nas investigações.