Mauro Cid ao lado de Jair Bolsonaro
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Mauro Cid ao lado de Jair Bolsonaro


Nas últimas horas, o caso envolvendo Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL-RJ), ganhou novos contornos com declarações enigmáticas e mudanças na sua equipe de defesa legal. Aliados do presidente estão atentos às movimentações e interpretaram as palavras do advogado Cezar Roberto Bitencourt como uma possível ameaça velada ao ex-presidente.

O novo advogado de Mauro Cid, ao se pronunciar nesta quarta-feira (16) à GloboNews, deixou uma afirmação intrigante no ar: "Meu cliente é um militar cumpridor de ordens". Essa declaração gerou especulações e levantou questionamentos sobre possíveis desdobramentos na investigação em andamento.

O entorno de Jair Bolsonaro, atento às entrelinhas, interpretou essa fala como um claro recado: Cid não estaria disposto a arcar sozinho com as consequências do caso. Essa nova abordagem na defesa sugere que o militar pode estar buscando maneiras de compartilhar a responsabilidade.

Além disso, o advogado Cezar Roberto Bitencourt abriu a possibilidade de seu cliente aceitar uma delação premiada, com base nas negociações que poderá ter com a Polícia Federal. Isso acrescenta uma camada de incerteza ao inquérito, deixando margem para potenciais revelações ou colaborações que poderiam impactar o cenário político.

A chegada de Bitencourt como novo advogado de Mauro Cid coincide com a notícia de que o pai deste, o general Mauro Lourena Cid, rompeu publicamente com Bolsonaro. Esse rompimento, de acordo com fontes próximas, estaria ligado a uma sensação de abandono por parte do ex-presidente, o que gerou desconforto no círculo militar.

Os aliados de Bolsonaro, diante dessas recentes reviravoltas, especulam sobre a possibilidade de Mauro Cid jogar a responsabilidade do caso no capitão da reserva, caso o ex-chefe do Executivo não ofereça o apoio esperado.


A investigação

Na última sexta (11), uma operação conduzida pela Polícia Federal (PF) trouxe à tona novos elementos no caso envolvendo Mauro Cid, seu pai, o general Mauro Lourena Cid, o advogado Frederick Wassef e o assessor Osmar Crivelatti. A investigação, que ganhou destaque nas últimas semanas, concentra-se em alegações de venda irregular de presentes oficiais e repasse de recursos.

O foco principal da investigação recai sobre a venda de relógios de luxo, que originalmente foram presenteados ao Brasil. Em junho de 2022, Mauro Cid teria vendido dois relógios nos Estados Unidos, obtendo um total de US$ 68 mil. Os valores das vendas teriam sido transferidos para a conta do seu pai, o general Cid, em uma conta no exterior.

Uma tentativa de venda de joias de ouro também surge como ponto de interesse nas apurações. Em dezembro de 2022, um kit de joias foi ilegalmente enviado dos Estados Unidos, país para o qual Bolsonaro e sua comitiva viajaram após o término do mandato presidencial. Essas joias chegaram a ser leiloadas nos Estados Unidos, mas não encontraram interessados.

Um dos aspectos que ganha atenção na investigação é o repasse de recursos provenientes das vendas de relógios e possíveis outras transações. Segundo a PF, esses recursos teriam sido entregues a Bolsonaro em dinheiro vivo, levantando questionamentos sobre a legalidade e transparência desses repasses.

Indícios de envolvimento direto de Bolsonaro também estão sendo explorados. A participação do ex-presidente é sugerida pela circunstância de que as joias em questão foram transportadas durante viagens presidenciais em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Esses indícios indicam uma possível conexão entre Bolsonaro e os presentes envolvidos nas investigações.

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