O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do atual Governo Lula, general Gonçalves Dias, afirmou hoje, em depoimento na CPMI do 8 de Janeiro, que a segurança do Palácio do Planalto durante os atos golpistas era composta "praticamente" por membros remanescentes da gestão de Jair Bolsonaro (PL), e negou qualquer acesso a documentos da Agência Brasileira de Segurança (Abin), mas indicou manipulação na instituição.
Dias disse que, na pasta do ministério, "não houve transição" e, uma semana depois da posse, ainda comandava "praticamente a equipe antiga". Segundo ele, até aquele momento só houve troca de assessores diretos. Ele alegou, também, que não teve acesso a relatórios da Abin antes dos atos e indicou uma possível manipulação de documentos enviados ao Congresso Nacional. "Não condizia com a realidade”, disse.
O general disse que, às 14h do dia 8, o então secretário-executivo do GSI, general Carlos José Russo Penteado, comunicou que “estava tudo tranquilo”. “O General [Penteado] me disse que estava tudo normal, que estava tudo tranquilo e que eu não precisava ir ao Palácio do Planalto”, depôs Dias.
Nomeado pelo presidente Lula (PT), Gonçalves Dias pediu exoneração após divulgação de vídeos em que aparece andando pelo Planalto no dia dos atentados. “A responsabilidade, logicamente, de tudo que acontece ali é do secretário executivo [general Penteado]”, disse o general GDias. “A segurança do Planalto é responsabilidade da Secretaria de Segurança Presidencial, que à época tinha como secretário o general [Carlos] Feitosa”, complementou.
Desejo de Lula era um ministro “civil”
Responsável pela segurança de Lula durante a campanha, tendo uma boa relação com o presidente da República desde os seus últimos dois mandatos, Gonçalves Dias afirmou que o petista queria um civil para o GSI — algo inédito para o ministério.
O general, que ocupou o mesmo cargo nos primeiros mandatos do presidente, diz ter aceitado novamente o convite porque hoje a pasta apresenta "maior complexidade". “O Aloizio Mercadante me chamou para a transição: 'O presidente quer que um civil assuma o GSI, você tem de convencê-lo ou não'”, afirmou. “Vim aqui, vi a complexidade da missão; o GSI de hoje não é o GSI de 2013”, falou Dias. “Fui para ele, disse: 'Mercadante, é muito complexo'. O presidente, por influência do Mercadante, decidiu me chamar para a função”, completa.
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