Flávio Dino, ministro da Justiça e da Segurança Pública , disse nesta quinta-feira (11) que a regulação das redes sociais é "inevitável" devido aos "abusos" cometidos pelas plataformas.
"Haverá essa regulação jurídica de modo inevitável, na medida em que se proliferam os abusos, inclusive esses que estamos vendo [...] [As empresas] fazem publicidade velada, cifrada", disse o ministro em entrevista ao programa "Conexão", da GloboNews.
"Temos uma situação paradoxal, em que as plataformas estão sublinhando a importância do projeto. Se estão praticando industrialmente desinformação na cara de tudo mundo, isso mostra a imprescindibilidade do projeto", acrescentou Dino.
Ele refere-se aos conteúdos contra o PL das Fake News divulgados pela Google e pelo Telegram. O projeto de lei visa regular as mídias sociais.
Na página inicial do Google , a plataforma colocou um link para um texto com críticas ao projeto de lei na página inicial, dizendo que a PL poderia "piorar" a internet . Como resposta, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça notificou a empresa por propaganda enganosa e abusiva, fazendo com que a plataforma retirasse o link de sua página.
Já o Telegram , disparou uma mensagem aos usuários, nessa terça (9), dizendo que "a democracia está sob ataque no Brasil" . A empresa ainda acusou a Câmara dos Deputados de incluir no texto final da proposta ao menos 20 artigos que "nunca foram amplamente debatidos". O Ministério Público Federal (MPF) pediu explicações à empresa.
Ontem (10), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o Telegram apague a mensagem enviada aos usuários na terça contra o projeto de lei e, caso a decisão for descumprida, o aplicativo ficará fora do ar por 72 horas. A mensagem foi excluída pela plataforma .
Na tarde de terça-feira (9), Flávio Dino classificou o início da postagem do Telegram como “um amontoado absurdo” . O ministro ainda questionou se a big tech pretende provocar novos atos antidemocráticos.
“A democracia está sob ataque no Brasil. Assim começa um amontoado absurdo postado pela empresa Telegram contra as instituições brasileiras. O que pretendem? Provocar um outro 8 de janeiro? Providências legais estão sendo tomadas contra esse império de mentiras e agressões”, publicou o ministro da Justiça, no Twitter.
O relator do PL das Fake News na Câmara, Orlando Silva (PCdoB-SP), disse que o Telegram "espalha mentiras no Brasil, afirmando que o Parlamento brasileiro quer aprovar a censura, quer acabar com a democracia. Isso é escandaloso".
PL das Fake News
O PL das Fake News seria votado na semana passada, mas foi adiado após a pressão de big techs e parlamentares de oposição na Câmara dos Deputados. O relator projeto de lei pediu a retirada da proposta para negociar pontos do texto.
Os deputados, porém, querem minar o PL de Orlando e colocar em votação uma proposta mais branda, enviada pelo deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE). A ideia também é vista como uma manobra, já que a Câmara teria a última palavra, ao contrário do PL das Fake News, que voltaria para a Casa Alta se aprovado pelos deputados.
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