Joias foram apreendidas em outubro de 2021
Reprodução/Globo
Joias foram apreendidas em outubro de 2021

O ex-secretario da Receita Federal Júlio César Vieira Gomes disse à Polícia Federal que soube das joias sauditas pelo ex- presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada nesta sexta-feira (14) pela TV Globo.

Em depoimento, Vieira Gomes afirmou que se reuniu com Bolsonaro em dezembro do ano passado. O ex-presidente teria o questionado se saberia sobre a apreensão do material o aeroporto de Guarulhos.

O ex-chefe da Receita afirmou que não sabia do caso, mas que iria apurar. Dias depois, repassou as informações e imagens dos bens ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.

O estojo foi apreendido em outubro de 2021 em uma mochila do então braço-direito do ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. Os materiais são avaliados em R$ 16,5 milhões.

Jair Bolsonaro foi ouvido pela Polícia Federal e também disse que soube dos presentes às vésperas do fim de seu mandato. A PF investiga um possível crime de peculato do ex-presidente.

Entendo o caso

Segundo uma reportagem de "O Estado de S. Paulo", Jair Bolsonaro teria recebido ao menos três pacotes de presentes da Arábia Saudita. Os bens teriam sido entregues em viagens ao Oriente Médio entre 2019 e 2021.

O primeiro pacote de joias, avaliado em R$ 16,5 milhões, foram entregues pelo governo árabe para Michelle Bolsonaro. Entre os presentes, estavam um anel, colar, relógio e brincos de diamantes.

Entretanto, ao chegar ao país, as peças foram aprendidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. Ele ainda tentou usar o cargo para liberar os diamantes, entretanto, não conseguiu reavê-los, já que no Brasil a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado.

Diante do fato, o governo Bolsonaro teria tentado quatro vezes recuperar as joias, por meio dos ministérios da Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. O então presidente chegou a enviar ofício à Receita Federal, solicitando que as joias fossem destinadas à Presidência da República.

Na última tentativa, três dias antes de deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar até Guarulhos. Ele teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.

O segundo pacote de joias doadas pelo governo da Arábia Saudita foi incorporado no acervo pessoal de Jair Bolsonaro. O estojo com relógios, peças para paletós e outros artigos masculinos tem valor estimado em R$ 400 mil.

Já o terceiro conjunto foi entregue em mãos para Bolsonaro em 2019, durante uma viagem a Doha, no Catar, e a Riade, na Arábia Saudita. A caixa contém um relógio Rolex, uma caneta Chopard, abotoaduras, anel e uma espécie de rosário árabe. O conjunto, de ouro branco e diamantes, é avaliado em mais de R$ 500 mil.

Após receber as joias, o ex-presidente chegou a pedir que esses itens fossem armazenados em uma caixa de madeira clara, com o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita e que fossem guardados no acervo privado da Presidência. De acordo com as informações obtidas pelo jornal, há uma confirmação disso no dia 8 de novembro de 2019, feita pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência.

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