O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (14) que a Polícia Federal marque o depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
No despacho, Moraes determina que os investigadores marquem o depoimento em um prazo máximo de 10 dias. A PGR deverá ser avisada para acompanhar a oitiva.
“Determino à Polícia Federal que proceda à oitiva de Jair Messias Bolsonaro, no prazo máximo de 10 dias, devendo a PGR ser previamente avisada do dia agendado para, se entender necessário, acompanhar a oitiva”, afirmou o ministro.
A PGR acredita que uma publicação feita pelo ex-presidente em 10 de janeiro, o coloca com participação direta aos ataques em Brasília. Os procuradores não informaram qual mensagem de Bolsonaro é alvo da investigação.
Horas após os atos de seus apoiadores, Bolsonaro publicou uma mensagem pelas redes sociais em que se eximia de culpa pelos ataques antidemocráticos. Ele, porém, quis culpar a esquerda por invasões aos prédios públicos.
A defesa de Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre a determinação de Moraes.
Relembre o caso
Os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos por bolsonaristas na tarde de 8 de janeiro. Eles protestaram contra a vitória de Lula e o uso das urnas eletrônicas.
No dia anterior, caravanas de bolsonaristas chegaram à Brasília para o ato. O ministro da Justiça, Flávio Dino, chegou a solicitar o uso da Força Nacional para manter a segurança da Praça dos Três Poderes.
No Congresso, os manifestantes vandalizaram o salão verde da Câmara dos Deputados e invadiram o plenário do Senado. Já no Planalto, os suspeitos quebraram portas e tentaram invadir o gabinete presidencial.
Na Suprema Corte, os manifestantes tentaram invadir os gabinetes dos ministros, quebraram as portas dos armários onde ficam as togas, além de quebrar vidraças e vandalizar a fachada do prédio.
Cerca de mil pessoas foram presas e levadas para a carceragem da Polícia Federal na capital. Centenas já foram liberadas por decisões do STF, enquanto outros ainda aguardam o pedido de habeas corpus.
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres também foi preso por suspeita de ter sido conivente aos ataques. Na época, Torres era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Ele continua na carceragem da Polícia Militar do DF e, em depoimento, negou envolvimento com os atos antidemocráticos.