Em primeira entrevista concedida após ser eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou nesta quarta-feira (18) sobre o avanço da extrema-direita no Brasil. Ele afirmou também que os membros do governo envolvidos nos atos golpistas em Brasília serão punidos .
"Eles entraram porque a porta estava aberta, alguém de dentro do Palácio abriu a porta pra eles. Houve conivência.", disse Lula no começo da entrevista com a jornalista Natuza Nery, da Globonews.
Os atos em Brasília deixaram um rastro de destruição ao vandalizar o patrimônio público, artístico, histórico e arquitetônico brasileiro. Com uma invasão planejada há semanas através das redes sociais, grupos golpistas incitavam a um golpe de Estado no país através da ocupação do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
Lula culpa Bolsonaro por atos em Brasília
O presidente afirmou nesta quarta-feira que “houve uma tentativa de golpe por gente preparada” nos ataques que depredaram a Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Para o petista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem culpa porque “passou quatro anos instigando o povo a ter ódio”.
"Depois da nossa posse maravilhosa, a possa mais emocionante que esse país já conheceu, depois de uma negra catadora de papel colocar a faixa no meu pescoço, eles esperaram 1 semana e tentaram dar um golpe. Porque o que houve aqui foi uma tentativa de golpe. Uma tentativa de golpe por gente preparada. Eu não sei se o ex-presidente mandou, o que eu sei é que ele tem culpa porque ele passou quatro anos instigando o povo a ter ódio, mentindo para a sociedade brasileira e instigando que o povo tinha que estar armado para garantir a democracia", disse Lula durante evento no Palácio do Planalto.
Em entrevista a Globonews, ele voltou a ligar o ex-presidente aos atos.
"Eu fiquei com a impressão que era um começo de um golpe de estado. Eu fiquei com a impressão inclusive que o pessoal estava acatando ordens e orientação que o Bolsonaro deu durante muito tempo. Durante muito tempo ele mandou invadir a Suprema Corte, muito tempo ele desacreditou do Congresso Nacional, muito tempo ele pedia que o povo andasse armado e que isso era democracia. Eu acho que a decisão dele de ficar quieto depois de perder as eleições, não serviu para nada, a decisão dele de não passar a faixa pra mim e ir para Miami como se tivesse com medo de alguma coisa, e o silêncio dele mesmo depois dos acontecimentos aqui nem dava a impressão que ele sabia de tudo que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com o que estava acontecendo. Obviamente, quem vai provar isso são as investigações, mas a impressão que me deixava era isso. Possivelmente o Bolsonaro estivesse esperando para voltar para o Brasil na glória de um golpe", disse Lula.
Extrema-direita
O presidente afirmou que o avanço da extrema-direita é uma questão que precisa ser tratada internacionalmente. Para isso, ele disse que irá conversar sobre o tema com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, quando for visitá-lo no dia 10 de fevereiro.
"A extrema-direita existe hoje no mundo todo. Aqui no Brasil nós ganhamos as eleições, e agora precisamos derrotar essa narrativa fascista. Por isso precisamos exigir que as forças democráticas se manifestem, independente do partido. A democracia é a única possibilidade de construirmos uma nação forte. Por isso vou conversar com o Biden, para ver como ele está lidando", disse Lula.
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