O presidente do Chile, Gabriel Boric , disse que a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro foi uma "esperança", mas afirmou que, apesar da derrota, o número de votos recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é "motivo de preocupação".
Ao final do pleito, de acordo com dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula foi eleito com 60.345.999 votos (50,90%), em uma disputa acirrada com Bolsonaro, que marcou 58.206.354 votos (49,10%) no segundo turno.
A diferença entre os então candidatos foi de 2,1 milhões de votos, a menor em um segundo turno desde a redemocratização .
"Para nós, foi um momento de grande incerteza e de grande esperança. […] Mas nem é preciso dizer que o resultado das eleições foi também surpreendente. Precisamos entendê-lo, e não ignorar a alta votação que o candidato derrotado [ Bolsonaro ] obteve", afirmou Boric em entrevista ao jornal Folha de São Paulo divulgada nesta sexta-feira (6).
"Nas eleições de 2006, Lula e Alckmin [que disputaram a Presidência da República um contra o outro], tiveram somados, no 2º turno, perto de 90% dos votos. E hoje os 2, aliados, chegaram a 51%. É motivo de preocupação uma opção tão anti-humanista como a de Bolsonaro obter uma votação tão alta", acrescentou.
Gabriel Boric esteve no Brasil para participar da cerimônia de posse de Lula no domingo (1º) .
"Estamos aqui, companheiro, para acompanhar você e o povo brasileiro neste dia de tanta esperança para o Brasil, para a América Latina e para o mundo. Um forte abraço!", escreveu o presidente chileno em resposta a Lula, que perguntou como "os seguidores estavam se sentindo" no dia da posse .
No dia seguinte, Boric ainda se reuniu com o petista no Itamaraty . De acordo com ele, há "grandes expectativas" de construir uma agenda regional da América do Sul e América Latina.
Ao ser questionado sobre a ameaça de um golpe de estado após o resultado das eleições , o chileno disse que houve uma "grande incerteza" e elogiou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) .
"Nós, no Chile , confiamos muito nas instituições. E no Brasil, elas responderam democraticamente, em particular o Supremo Tribunal Federal. Havia ainda uma confiança muito grande no povo brasileiro. Confiança de que, por sua mobilização, não haveria espaço para algo com essas características [de golpe]", disse ele.
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