Presidentes do Chile e da Colômbia fizeram suas estreias no Debate Geral
Montagem iG - Reprodução/Redes Sociais
Presidentes do Chile e da Colômbia fizeram suas estreias no Debate Geral

Dois presidentes da América do Sul — Gabriel Boric, do Chile , e Gustavo Petro , da Colômbia — fizeram suas estreias na Assembleia Geral da ONU e levaram mensagens duras sobre a sequência de crises globais, mencionando diretamente a questão climática e as políticas de combate às drogas no continente.

Boric, logo na abertura de sua fala, mencionou a “injusta guerra de agressão da Rússia na Ucrânia”, que elevou o preço dos combustíveis e “provocou o desabastecimento de grãos e fertilizantes”. O Chile, ao contrário de outros governos — de direita e esquerda — na região, condenou abertamente a invasão. Em julho, prestou solidariedade ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, condenando um bombardeio russo que deixou cerca de 20 mortos em Odessa.

Boric afirmou que as ideias da proposta constitucional , que davam grande ênfase a questões sociais e marcavam um rompimento em relação à Carta herdada da ditadura de Augusto Pinochet, não foram abandonadas, mas reconheceu que a derrota nas urnas “os ensinou a ser mais humildes”. Hoje, representantes dos partidos chilenos estão discutindo um caminho para a redação de um novo projeto constitucional.

"A democracia deve ser humilde, e assumir que a construção do Chile com o qual sonhamos não está na receita de um setor em particular, mas sim na síntese do que podemos fazer, combinando o melhor que cada um possa propor", afirmou. "Entendemos também, e isso falo como um jovem que há poucos anos estava nas ruas com os protestos, que reclamar do mal-estar é mais simples do que produzir soluções para eles."

Fracassos

Ainda na sessão da manhã, outro estreante, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu, em uma fala por vezes pontuadas por elementos literários e questionamentos filosóficos, uma ação conjunta da América Latina para salvar a Amazônia e pôr fim à política atual de guerra contra as drogas . Para ele, as duas questões estão intimamente interligadas, e dependem de uma nova abordagem da comunidade internacional.

"Como podemos conjugar a beleza com a morte? Como podemos celebrar a biodiversidade da vida com as danças da morte e horror? Quem é o culpado por romper o encanto com o terror?", afirmou, acusando governos anteriores de destruírem trechos de mata nativa em ações contra narcotraficantes e plantadores de coca. "A selva salvadora é vista em meu país como o inimigo a derrotar, como o mal a ser extinto. O espaço da coca e dos camponeses, que a cultivam porque não têm nada mais a cultivar, é demonizado."

O líder chileno, porém, dedicou grande parte do discurso a questões internas, especialmente a derrota da proposta de uma nova Constituição, no início do mês. Boric fez um relato dos protestos iniciados em 2019, e que levaram ao referendo que pavimentou o caminho para a elaboração da nova Carta e à sua própria vitória na eleição presidencial no ano passado. Ele ressaltou a importância dos processos democráticos, e minimizou os impactos do referendo em seu governo.

Para Petro, o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, a luta contra a crise climática e a guerra contra as drogas “fracassaram”.

"Faço um chamado, de minha América Latina querida: vamos acabar com a irracional guerra contra as drogas. Diminuir o consumo de drogas não precisa de guerras, precisa que seja construída uma sociedade melhor, mais solidária, afetuosa, onde a intensidade da vida nos salve dos vícios em novas escravidões" afirmou. "Querem menos drogas? Pensem em menos lucros e mais amores. Pensem em um exercício racional de poder."

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