Foto tirada em junho deste ano mostra aglomeração de moradores da Cracolândia
Gabriela Gonçalves/Agência O Globo
Foto tirada em junho deste ano mostra aglomeração de moradores da Cracolândia

ONGs, assistentes sociais e agentes de saúde temem uma nova escalada de violência na Cracolândia , no centro de São Paulo, após a vitória do governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele prometeu acabar com a Cracolândia a partir da adoção de políticas públicas integradas que passam pelo "acolhimento, tratamento" e "criação de oportunidades". No domingo de eleição (30), no entanto, houve correria e tiros de balas de borracha no local — uma ação simbólica.

A assessoria de Tarcísio informou que a máxima defendida pelo governo eleito é a de que "as pessoas não vão para a rua porque consomem drogas, e sim consomem drogas porque estão na rua". Pensando nisso, a equipe irá elaborar uma "política de habitação proativa para retirar as pessoas dessa situação".

Em paralelo a isso, estão previstas medidas como levar o núcleo administrativo do governo Estadual ao Campos Elíseos, com o objetivo de revitalizar a região, e o reforço de ações em parceria com a polícia e a Guarda Civil Metropolitana. Experiências passadas, no entanto, mostram que operações policiais no local não resolvem o problema, pelo contrário.

Em 2017, o então governador João Doria, à época do PSDB, se comprometeu com o fim da Cracolândia e determinou uma megaoperação que diminuiu a concentração de usuários. O problema, no entanto, não acabou. Os dependentes ficaram dispersos pelas redondezas.

Em junho deste ano, o iG conversou com o psicólogo e redutor de danos Bruno Logan . Na ocasião, ele apontou que o programa "Braços Abertos", do governo Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016, foi o que chegou mais perto de acabar com a Cracolândia. O programa tinha como objetivo garantir direitos básicos, como moradia, trabalho e saúde, mas também esporte, lazer e cultura, e foi reconhecido por especialistas internacionais. Equipes de assistência chegaram a estimar uma redução de 70% no uso do crack.

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