O presidente Jair Bolsonaro utilizou um evento com uma plateia somente de mulheres, nesta quinta-feira, para tentar reduzir a rejeição que tem no setor. Bolsonaro focou em dois pontos que são frequentemente relacionados à sua figura pública mas que, segundo ele próprio admitiu, causam desaprovação no eleitorado feminino: armas e motos.
Bolsonaro discursou em um evento em Vitória do Mearim (MA) destinado apenas a mulheres evangélicas. Logo no início do discurso, fez um aceno ao público:
"Hoje aqui, esse encontro religioso, de mulheres, tem um significado especial. Nenhum homem pode ser bem sucedido se não tiver ao seu lado uma grande mulher."
Depois, relatou preocupação de sua mulher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, com seus passeios de moto. Batizados de "motociatas", esses passeios viraram uma marca pública do presidente. Entretanto, Bolsonaro reconheceu que algumas mulheres vêm a moto como um "símbolo de machismo".
"Mas sei que tem muitas mulheres que veem a motocicleta como um símbolo de machismo. Não pensem isso de nós. Um momento de felicidade em cima de duas rodas. Para nós, não tem preço. Se bem que muitas mulheres têm motocicleta também."
Em seguida, admitiu que o mesmo acontece com as armas de fogo — uma das marcas de seu discurso é a defesa da flexibilização do porte e posse de armas.
"A mesma coisa quando se fala em arma de fogo. As mulheres são contra, em grande parte", disse, acrescentando depois: "Mas é a política que a gente faz, que por vezes as senhoras não concordam, mas ajudam no outro setor."
O mesmo discurso já havia sido ensaiado na quarta-feira, durante conversas com apoiadores no Palácio da Alvorada. Agora, no entanto, foi utilizado em um evento público. Na mesma conversa com apoiadores, Bolsonaro questionou se realmente é rejeitado pela maioria das mulheres e disse que elas procuram um presidente, e não um "casamento".
De acordo com a última pesquisa do Datafolha, realizada no fim de junho, 61% das mulheres dizem que não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum.
Para reduzir a rejeição de Bolsonaro, a campanha deseja explorar a imagem de Michelle. Entretanto, a primeira-dama ainda não se engajou de fato na tarefa. No evento desta quinta, o presidente justificou a ausência da mulher pela duração da viagem.
"A minha esposa, lamento, não está presente. Quando as viagens ultrapassam dois dias, ela costuma não viajar."
Bolsonaro ainda citou sua família caçula, Laura, como alguém que "mudou" sua vida. No passado, ele já disse que teve uma "fraquejada" ao ter uma filha mulher após quatro filhos homens.
"Temos uma filha, de 11 anos de idade. Uma filha que mudou mais ainda a minha vida. Porque, depois de quatro homens, veio uma menina."
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