Após se distanciar da corrida presidencial, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) ensaia um possível retorno ao governo do Rio Grande do Sul, menos de um mês depois de renunciar ao cargo. O movimento ocorre após Leite avaliar que a situação do PSDB na terceira via se fragilizou e que a senadora Simone Tebet (MDB) desponta como favorita para encabeçar uma chapa única de centro.
Ainda assim, aliados afirmam que Leite considera diversas possibilidades, a exemplo de uma eventual candidatura ao Senado, e que não descartou totalmente o Palácio do Planalto. Não por acaso, em propaganda partidária do PSDB no Rio Grande do Sul que começou a ser veiculada anteontem, Leite adota tom de pré-candidato a presidente.
O gaúcho tem sido cobrado para que se empenhe na eleição em seu estado, onde não conseguiu emplacar um nome forte. Lá, o cenário de polarização repete o nacional. De um lado, dois candidatos ligados a Lula: Edegar Pretto (PT) e Beto Albuquerque (PSB). De outro, nomes do bolsonarismo: Luis Carlos Heinze (PP) e Onyx Lorenzoni (PL). Aliados de Leite tentam organizar uma aliança entre PSDB, MDB e União Brasil para candidato único.
Hoje, o candidato natural seria o governador Ranolfo Vieira Júnior, ainda com fraco desempenho nas pesquisas. Ao mesmo tempo, o MDB quer indicar para a cabeça de chapa o ex-presidente da Assembleia Legislativa gaúcha Gabriel Souza (MDB). A composição com Souza é vista como trunfo pelo grupo de Leite para que o MDB possa considerar sua participação na aliança de uma candidatura presidencial de centro.
Em outra frente, o comercial de TV mostrando um Leite mais presidenciável foi distribuído três dias após a divulgação de uma carta de apoio à pré-candidatura do ex-governador João Doria. Na ocasião, Doria respondeu dizendo que recebeu a manifestação de Leite “com otimismo”. O gaúcho fez ontem mais um aceno na direção de Doria, e os dois jantaram em Brasília.
Na TV, tom nacional
Na TV, Leite pregou união nacional e disse entender os motivos de quem apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT). Em seguida, cita o desempenho de seu governo e diz ser “hora de fazer um só Brasil”.
Leite tem dito a pessoas próximas que não quer ser responsabilizado caso o PSDB fique de fora do pacto da terceira via. Ele avalia que a candidatura de Doria não vai se viabilizar em razão de sua alta rejeição nas pesquisas de intenção de voto. Entende ainda que o partido está hoje mais preocupado com a eleição ao governo de São Paulo de Rodrigo Garcia (PSDB) e que isso suplanta a candidatura nacional. Pesquisas mostram que a maior parte dos eleitores não votaria em Garcia se associado diretamente a Doria.
O entorno de Doria sustenta que sua candidatura vai se recuperar e começar a reagir nas pesquisas nas próximas semanas, com o efeito positivo das inserções da propaganda do tucano, que começaram ontem. Dizem ainda que sua rejeição está em queda e que o paulista é o único da terceira via que tem um ativo de impacto nacional a apresentar, como a vacina Coronavac.
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