Em meio a negociações de partidos de centro por uma candidatura única à presidência da República, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite , indicou nesta terça-feira que sua preferência não é por uma candidatura a vice.
A declaração foi feita após um encontro na capital paulista com o ex-presidente Michel Temer, que é um dos principais articuladores da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) como cabeça de chapa da terceira via.
— Não estou procurando ser vice de ninguém. Existem aqueles que entendem que devo liderar um projeto. Se for o caso, estarei à disposição. Se não for, darei a minha contribuição onde estiver — disse Leite, acrescentando que a conversa com Temer teve como foco a discussão sobre o país e a discussão sobre uma alternativa a polarização.
Ontem, Tebet disse que se não fosse cabeça de chapa abriria mão da vice, já que aceitar esse papel seria diminuir o "espaço da mulher na política". Nas últimas semanas, houve uma série de acenos entre a senadora e o gaúcho, que trocaram afagos públicos.
O entorno da emedebista sinalizou que pesquisas qualitativas apontam mais potencial de crescimento numa chapa encabeçada por Tebet tendo o gaúcho como vice, já que a mair parte dos eleitores indecisos são mulheres.
A maior dificuldade, porém, seria política, já que Doria seria o candidato natural do partido para uma eventual composição, ainda que sofra com alta rejeição, o que leva a resistência dos partidos aliados.
Não por acaso, Doria também esteve com Temer na semana passada, que tem atuado como uma espécie de mediador na disputa, segundo pessoas próximas.
Outro ponto é que há uma avaliação entre dirigentes partidários que acompanham as negociações de Luciano Bivar, que foi indicado pelo União Brasil como pré-candidato, teria a prerrogativa de participar da chapa, já que a sigla é a que tem mais recursos no fundo eleitoral e tempo de televisão.
Diante dessas dificuldades, Leite tem intensificado suas movimentações para se viabilizar. Embora tenha sido derrotado nas prévias tucanas por Doria, o gaúcho corre por fora e busca apoio dos partidos aliados.
Ao mesmo tempo, tenta aproveitar o momento de isolamento de Doria, que na semana passada rompeu com o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, após este dizer que o pacto dos partidos de centro estava acima das prévias.
Na noite de segunda-feira, Leite esteve com a aliada de Araújo e pré-candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB). Ele ainda deve visitar o estado nos próximos dias, já que fará um giro pelo país em busca de apoio. Na quarta-feira, terá uma agenda no Ceará com o senador Tasso Jereissati e lideranças locais.
Na segunda, Leite se encontrou com o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, e o deputado Aécio Neves (PSDB-MG). No entanto, se desgastou após postar uma foto somente com Paulinho e foi acusado de esconder o aliado. Nesta manhã, o gaúcho fez uma postagem dizendo que o próprio Aécio havia enviado a foto.
Partidos como PSDB, Cidadania, MDB e União Brasil estabeleceram até 18 de maior para o lançamento de um pré-candidato que possa tentar quebrar a polarização representada pelo ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro.
Na última pesquisa Datafolha, do fim de março, Tebet marcava 1% na pesquisa, ao lado de Felipe D'Ávila (Novo) e Vera Lúcia (PSTU). Estava atrás de Doria, com 2%, André Janones (Avante), com 2%, e Ciro Gomes (PDT), com 6%.
No cenário em que Leite entra no lugar de Doria, o gaúcho soma 1%. O ex-juiz Sergio Moro (então no Podemos) tinha 8%, mas se filiou ao União Brasil e teve a pré-candidatura à Presidência negada pelos novos correligionários.