O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que as emendas parlamentares, inclusive as emendas de relator, conhecidas como RP-9, ajudam a "acalmar o Parlamento". Bolsonaro também admitiu ter entregado cargos para o Centrão, o que ele havia prometido durante a campanha eleitoral que não iria fazer.
— Essa outra parte, de emenda, ajuda a acalmar o Parlamento. O que eles querem, no final das contas, é mandar recursos para a sua cidade. Não tenho nada a ver com isso — afirmou Bolsonaro, em entrevista ao podcast Irmãos Dias.
Na entrevista, Bolsonaro justificou o pagamento tanto das emendas individuais quanto das emendas de relator (RP-9). Essa segunda modalidade ficou conhecida como "orçamento secreto", instrumento pelo qual o Executivo destina dinheiro por indicação de parlamentares sem que eles sejam identificados.
Bolsonaro rejeitou o termo "secreto", dizendo que o pagamento é identificado no Diário Oficial da União (DOU), mas sem explicar que a indicação não é conhecida.
— Quando fala em orçamento secreto, é mau-caráter, falta de caráter por parte da imprensa, é publicado no Diário Oficial da União. Eles têm acesso ao que é feito com esses aproximadamente R$ 15 bilhões.
O presidente disse que não pode negar que distribuiu cargos para "partidos de centro". O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, é senador pelo PP e um dos principais líderes dos blocos. Além disso, os ex-ministros Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania) também foram indicados por partidos do bloco.
— Alguns cargos foram dados a partidos de centro. Não vou negar isso daí. Agora, nós nós temos esses filtros todos para evitar qualquer desvio, qualquer problema que porventura venha a acontecer.
Durante a campanha de 2018, Bolsonaro prometeu que não iria negociar ministérios e estatais em troca de apoio político.
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