O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite , anunciou nesta segunda-feira que vai renunciar ao cargo, mas permanecerá no PSDB. O gaúcho tinha um convite do PSD do ex-ministro Gilberto Kassab para entrar na corrida presidencial.
Leite deve se colocar à disposição do PSDB para voltar à corrida presidencial, em que pese tenha perdido as prévias para o governador de São Paulo, João Doria.
— Vou renunciar ao poder, mas não renunciar a política (...) É o dia do fico no meu partido (PSDB) — afirmou Leite num vídeo exibido antes do anúncio oficial.
Nas redes sociais, o PSDB avaliou a postura de Leite durante os anos de governo e afirmou que a "missão foi cumprida" durante a gestão do gaúcho.
Agora, pessoas próximas entendem que há uma oportunidade que se abre para o gaúcho diante das discussões de uma candidatura única entre PSDB, Cidadania, União Brasil e MDB. Nos últimos dias, o governador ouviu lideranças desses partidos de centro e elas demonstraram contrariedade com a ideia de uma migração para o PSD, já que Kassab não participou das discussões de uma candidatura única com esses partidos. Com a negativa, Kassab deve apostar as fichas na pré-candidatura do ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung.
Para os aliados de Leite, a aliança com os partidos de centro estaria acima da disputa das primárias tucanas. O entendimento desse grupo é de que o nome de Leite seja mais palatável para uma composição, caso Doria siga sem decolar nas pesquisas de intenção de voto. Esse movimento, porém, visa minar a candidatura de Doria.
Neste domingo, Doria, afirmou que a existência de qualquer articulação no PSDB para retirá-lo das eleições presidenciais configura um “golpe”. A declaração foi dada após a movimentação de parte dos tucanos para ignorar as prévias realizadas em novembro — com vitória de Doria — em prol de uma candidatura de Eduardo Leite, derrotado no pleito interno.
Outro ponto que pesou na decisão foi a avaliação de que havia risco de isolamento no PSD, cuja bancada na Câmara dos Deputados é formada, em sua maioria, por aliados do ex-presidente Lula e do presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, lideranças do PSDB fizeram apelos e uma carta que pedia que o gaúcho permanecesse na sigla, onde construiu sua trajetória por 21 anos. Antes de chegar ao Pálacio Piratini, ele foi vereador e prefeito de Pelotas pelo PSDB.
Leite nunca escondeu sua preferência pela disputa presidencial. Desde o segundo semestre do ano passado, quando já se colocava como pré-candidato no cenário nacional, o gaúcho flertou com o Podemos, mas as conversas não avançaram.
Depois, disputou as prévias tucanas e acabou derrotado pelo governador de São Paulo, João Doria.
Levantamento do instituto Datafolha divulgado na quinta-feira apontam o gaúcho e o paulista com desempenho semelhante. Doria aparece com 2%, enquanto Leite tem 1% num cenário em que o instituto o colocou no lugar do paulista.