O presidente Jair Bolsonaro (PL) avalia entregar a liderança do governo no Senado a Alexandre Silveira (PSD-MG), que substituirá o senador Antonio Anastasia (PSD-MG), aprovado em dezembro para o Tribunal de Contas da União (TCU). Como Silveira ainda não tomou posse oficialmente como parlamentar, a tendência é que Bolsonaro só bata o martelo após o fim do recesso no Congresso, em fevereiro.
Silveira é ligado ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e atuava como diretor de Assuntos Técnicos e Jurídicos da Presidência do Senado. O futuro senador é presidente do PSD de Minas Gerais e já foi deputado federal por duas vezes. Ele também esteve à frente da Secretraria Extraordinária da Gestão Metropolitana em Minas Gerais e da Secretaria de Saúde do governo de Antonio Anastasia.
Apesar dos embates de Bolsonaro com Pacheco pelas derrotas do governo na no Senado, Silveira é apontado como um ponto de interlocução com o presidente do Senado. Em função disso, o futuro parlamentar conta com o apoio de diversos ministros, entre eles a ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo), João Roma (Cidadania), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).
A aproximação de Silveira com ministros se deu, sobretudo, na tramitação de projetos importantes para o Executivo como a permissão para a privatização da Eletrobras e a aprovação da 'BR do Mar', com o objetivo de abrir a navegação costeira entre portos nacionais e reduzir a dependência do transporte rodoviário (cabotagem).
Há uma semana, Silveira esteve com Bolsonaro no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu após o novo senador sobrevoar áreas atingidas pelas chuvas em Minas Geras. Em suas redes sociais, Silveira registrou ter conversado com o presidente sobre a ajuda do governo federal para municípios mineiros.
"Fruto dessa conversa, o presidente já me colocou em contato com o ministro da Saúde, além de outros contatos que tenho mantido com o Ministério da Cidadania, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional. Não quero saber de que partido é o Governo, quero é ajudar na solução dos problemas que estamos enfrentando", escreveu o senador.
No PSD, a avaliação é que Silveira não aceitará o cargo. O partido tem uma posição de independência no Congresso e tem Rodrigo Pacheco como pré-candidato ao Planalto. Além disso, o novo senador é considerado um importante articulador político na sigla e pessoa de confiança do presidente da sigla, Gilberto Kassab.
Nos bastidores do governo, ainda é mencionado como opção o senador Marcos Rogério, que atuou como líder da tropa de choque do governo na CPI da Covid e recentemente trocou o DEM pelo PL, partido de Bolsonaro. Marcos Rogério chegou a ser cotado como pré-candidato ao governo de Rondônia, mas a mudança de partido e possibilidade de assumir a liderança esfriou os planos
Entusiastas da indicação de Alexandre Silveira no governo citam que o novo senador, embora não tenham um alinhamento total com o presidente, pode ajudar a melhorar a interlocução política no Senado, onde sucessivas derrotas expuseram a fragilidade do governo.
O Senado é considerado um terreno pantanoso para a articulação política do governo. Bolsonaro não conseguiu construir uma base coesa na Casa, o que ficou ainda mais evidente com a CPI da Covid. Pelas contas do Planalto, o número de aliados é de apenas 15 dos 81 senadores.
Para piorar o cenário, o governo está sem líder no Senado desde 15 de dezembro. À época, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) entregou o cargo um dia após perder a concorrência pela vaga do TCU para Anastasia. Abandonado pelo Palácio do Planalto, Bezerra ficou em último na disputa, com sete votos. Anastasia obteve o apoio de 52 senadores, enquanto a senadora Kátia Abreu (PP-TO), 19.