O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 48% das intenções de voto para as eleições presidenciais do ano que vem, segundo pesquisa do Ipec (antigo Ibope), divulgada nesta terça-feira (14) . Como a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o petista estaria perto de conseguir uma vitória em primeiro turno.
Na sequência, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 21% da preferência dos eleitores.
Os candidatos que poderiam representar uma terceira via estão em situação de empate técnico, de acordo com o levantamento. O ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (Podemos), que anunciou sua candidatura neste mês, tem 6% das intenções de voto.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem 5%. Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que venceu as prévias do PSDB para ser o candidato tucano, tem 2% — mesma pontuação alcançada pelo deputado federal André Janones (Avante-MG) Somados, os nomes que negociam uma candidatura única de centro teriam menos de 10% das intenções de voto.
Para a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Ufscar, a pesquisa mostra que os candidatos que buscam ocupar o espaço da "terceira via" ainda não conseguem reverter as articulações políticas e as críticas ao ex-presidente Lula e ao presidente Bolsonaro em intenção de voto.
"O espaço para a terceira via está indefinido. Apesar da discussão sobre um nome que fure a polarização entre Lula e Bolsonaro, os números mostram que, se essa tendência se manter, teremos uma campanha calcada no embate entre os dois. A pesquisa mostra ainda uma resiliência da base do presidente, mesmo após a entrada de Moro na disputa. Já Doria ainda sofre com reflexos da prévia desorganizada do PSDB e as políticas estaduais", avalia.
Os demais pré-candidatos testados tiveram 1% das intenções de voto ou menos: Simone Tebet (MDB), Cabo Daciolo (PMN), Alessandro Vieira (Cidadania), Felipe D'Ávila (Novo), Rodrigo Pacheco (PSD) e Leonardo Péricles (UP).
Brancos e nulos somam 9%, enquanto os que não sabem ou não responderam são 5%.
O Ipec ouviu 2.002 pessoas em 144 municípios entre 9 a 13 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos para mais e para menos. O nível de confiança é de 95%.
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Evangélicos se dividem entre Lula e Bolsonaro
Ao analisar o perfil dos eleitores de cada candidato, a pesquisa revela que os evangélicos se dividem de forma semelhante entre Lula e Bolsonaro: os dois têm 33% deste público. Entre os católicos, no entanto, Lula leva vantagem: 55%.
O petista tem a preferência dos eleitores mais pobres: soma 57% dos votos de quem ganha até um salário mínimo e 55% dos que moram em periferias. Por outro lado, é o candidato escolhido por 32% dos que ganham até cinco salários mínimos e por 40% entre os que tem com nível superior.
Lula ganha em todas as regiões do país, especialmente no Nordeste, onde recebeu 63% das intenções de voto.
Já Bolsonaro tem mais eleitores no Norte/Centro Oeste (29% dos entrevistados nestas regiões) e no Sul (27%). Entre os eleitores que ganham mais de cinco salários mínimos, ele é mencionado por 30% deles — empate técnico com Lula.
O melhor resultado de Moro no país é na região Sul (11% dos moradores de lá o escolheram).
Rejeição a Bolsonaro é a maior
Bolsonaro tem a maior rejeição entre todos os candidatos a Presidência da República, de acordo com a pesquisa Ipec. No levantamento, 55% dos entrevistados responderam que não votariam nele de jeito nenhum. O número é ainda maior no Nordeste (66%) e entre quem tem renda mensal menor que um salário mínimo (60%).
De acordo com o cientista político Marcus Ianoni, professor da UFF, o aumento da reprovação observado nas últimas pesquisas tende a se manter, caso o cenário econômico não reaja e os índices de desemprego e inflação se mantenham nos atuais patamares. Para ele, o Auxílio Brasil é uma tentativa de reversão da tendência de aumento da reprovação.
"A rejeição segue uma tendência de aumento da reprovação. A explicação tem a ver, sobretudo, com o desemprenho econômico e a gestão da pandemia. A má gestão da pandemia impacta na economia. O desmonte do Bolsa Família e criação de um novo programa é uma reação para tentar aumentar a popularidade e aprovação do governo. O impacto esperado, no entanto, pode não ser suficiente para reverter essa tendência. Setores da direita que apoiaram o bolsonarismo já se desvincularam. Doria e Moro, por exemplo, tendem a fragmentar o campo", avalia.
A segunda maior rejeição é a de Lula: 28% na média. O número e mais alto na região Sul (42%) e entre a parcela mais rica da população, que recebe mais de cinco salários mínimos (45%). A lista segue com Doria (23% de rejeição), Moro (18%) e Ciro (15%).
Os índices de rejeição do Ipec são mais baixos do que em pesquisas de opinião feitas por outros institutos, em que o eleitor pode escolher mais de um nome. No questionário do Ipec, o eleitor pode optar por apenas um nome.