Um dos médicos que trabalhava na Prevent Senio r e denunciou a operadora de saúde, Walter Souza Neto, relatou à CPI da Câmara Municipal nesta quinta (25) que tem “medo de sair na rua” e se sente ameaçado. As acusações contra a rede hospitalar se deram durante os depoimentos da CPI da Covid em setembro.
Durante a oitiva, Walter reiterou que os médicos eram obrigados a prescrever o chamado “kit Covid”, com hidroxicloroquina e azitromicina, e denunciou a operadora de cometer homicídios.
“Esses caras tiveram total desrespeito pela vida em todo tempo que estive lá. Eu tenho medo de sair na rua. Eu tenho medo sim, eu pedi entrada no programa de proteção à testemunha. Eu saio na rua olhando para trás para ver se tem alguém atrás de mim. Eu não tive resposta sobre essa inclusão, mas é algo que me preocupa muito”, afirmou Walter.
O doutor ainda cita o episódio em que recebeu uma ligação do diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, que teria o ameaçado após as denúncias virem à tona. Na época, Walter registrou um boletim de ocorrência contra o executivo, que teria dito que o médico estava “expondo sua filha e sua família”.
“Eu me sinto ameaçado. A primeira ameaça eu recebi uma ligação, que eu gravei, do Pedro. Depois disso, colocaram um clima de terror até em páginas institucionais, ‘desafiamos os médicos’. Eles continuam com uma postura de intimidação, mesmo com colegas que estão lá dentro. Mandam recados indiretos, ‘vão cassar o seu CRM’. Colegas que têm contato com a direção dizem para eu tomar cuidado”, acrescentou Souza Neto.
Para o médico, os executivos da Prevent são “criminosos”. Ele afirmou que na operadora de saúde ocorrem homicídios. E ainda acrescentou que, na época em que era obrigado a prescrever o kit Covid, não foi capaz de denunciar, pois a hierarquia da rede “na verdade era um assédio moral”, uma condição que “gerava medo”.
“Parecia que havia um certo relacionamento estreito com órgãos que iriam fiscalizar. Quando ia ter visita de algum órgão de fiscalização, isso era sabido com antecedência e o hospital podia ajeitar as coisas. Todo mundo sabia que era uma empresa com muito dinheiro, com muita influência política e com zero escrúpulo. Como você ia denunciar uma empresa dessa? Todo mundo tinha medo de retaliação”, declarou o depoente da CPI da Prevent.
Para o caso de Walter e de outras testemunhas que se sentem ameaçadas, existe o pedido de inclusão do Programa de Proteção a Testemunhas, divulgado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em 10 de novembro , na sede do Ministério Público de São Paulo.