Deputado cassado, Fernando Francischini
Renato Araújo/Agência Brasil
Deputado cassado, Fernando Francischini

Eleito deputado estadual com a maior votação da história do Paraná em 2018, Fernando Francischini chegou à Assembleia Legislativa do estado impulsionado pela onda que elegeu o presidente Jair Bolsonaro . Atualmente, ele é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa.

Francischini se submeteu ao crivo das urnas eletrônicas por quatro eleições seguidas (2010, 2014, 2018 e 2020). Em três delas foi eleito, sendo uma com votação recorde. No pleito mais recente, na disputa pela prefeitura de Curitiba no ano passado, ficou na terceira colocação.

Apesar do histórico de candidaturas, o deputado foi cassado por propagar fake news sobre fraudes nas urnas eletrônicas e o sistema eletrônico de votação durante uma live feita nas eleições de 2018 , em uma decisão inédita do Judiciário.

Delegado licenciado da Polícia Federal, o paranaense deixou a instituição para se dedicar à política há cerca de dez anos, quando se candidatou e conquistou o primeiro dos dois mandatos que exerceu na Câmara dos Deputados, em Brasília. O parlamentar é pai do deputado federal Felipe Francischini (PSL-PR) e casado com a vereadora de Curitiba Flávia Francischini (PSL).

Antes de ingressar na política, foi oficial do Exército, no 5º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada, em Curitiba; e oficial da Polícia Militar do Paraná.

Ainda na área de Segurança, Francischini ocupou o cargo de chefe do Setor de Análise de Informações sobre Drogas e Terrorismo da Interpol e do Departamento de Polícia Federal, em Brasília.

A carreira na Segurança Pública foi um dos pilares de sua trajetória na política. Antes de ingressar no PSL, Francischini foi filiado ao PSDB — atualmente alvo de críticas e ataques de bolsonaristas —, PEN e Solidaridade. Na campanha passada, a defesa de policiais, o apoio à campanha e ao discurso de Bolsonaro e a bagagem na Câmara federal garantiram que ele fosse eleito com 427.749, 7,5% do total, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral .

Ele foi um dos coordenadores da campanha que elegeu Bolsonaro no Sul.

Durante o mandato como deputado federal, entre 2014 e 2015, licenciou-se do cargo para assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) do Paraná, durante a gestão do governador Beto Richa (PSDB).

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A passagem pela pasta foi marcada por uma operação contra professores que protestavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná, em abril de 2015. Ao menos 200 pessoas ficaram feridas por balas de borracha e bombas de efeito moral. A operação desastrosa lhe rendeu a destituição do cargo uma semana depois do caso.

No período em que foi deputado em Brasília, Francischini se aproximou de Bolsonaro, à epoca seu colega de parlamento. Os dois integravam a Frente Parlamentar da Segurança Pública, a chamada bancada da bala. O atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, conheceu o presidente durante o período em que foi assessor de Francischini na Câmara. Delegado da Polícia Federal, Torres deixou o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal para entrar no governo Bolsonaro.

Paralelamente à sua relação com Bolsonaro, o parlamentar era um dos mais ferrenhos defensores da Lava-Jato e do então juiz federal da 13ª Vara de Curitiba, Sergio Moro. Em Brasília, era um dos deputados mais implacáveis na oposição aos governos do PT de Dilma Rousseff e MDB de Michel Temer. Fez campanha pelo impeachment da ex-presidente petista e integrou a CPI da Petrobras.

Em maio de 2018, o portal Uol noticiou que Francischini teria destinado R$ 24 mil de sua cota parlamentar em contratos com a empresa Novo Brasil Empreendimentos Digitais, responsável por administrar uma rede de sites conhecidos por criarem e propagarem fake news.

Segundo a assessoria do deputado, Ernani, o dono da empresa, foi indicado para prestar serviços ao parlamentar por "uma questão de afinidade de conteúdo" em temas como combate à corrupção, oposição ao PT e apoio à Operação Lava-Jato.

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