A imprensa internacional destacou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), além de "romper com um sistema de honra" ao discursar na 76ª Assembleia Geral da ONU sem estar vacinado, mostrou-se uma "figura controversa" e adotou tom "provocador" em sua fala nesta terça-feira.
Primeiro chefe de Estado a discursar no evento em Nova York, Bolsonaro defendeu tratamento precoce contra a Covid-19
— contrariando as orientações científicas —, criticou o passaporte sanitário e disse que o Brasil estava à beira do socialismo.
O jornal americano New York Times escreveu que "não vacinado e provocador, Bolsonaro tentou evitar críticas em discurso da ONU". A publicação ressaltou que o presidente brasileiro defendeu o uso de drogas ineficazes contra o coronavírus e resistiu aos ataques ao desempenho ambiental de seu governo.
O Washington Post destacou que o "não vacinado Bolsonaro, do Brasil, parece quebrar o 'sistema de honra' da vacina das Nações Unidas durante o discurso". O periódico classificou sua abertura como "desafiadoramente estranha para um evento que deve focar principalmente na resposta global à pandemia".
A rede americana CNN, por sua vez, afirmou que Bolsonaro, a quem chamou de "líder populista conservador", defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19 e tentou apresentar "um novo Brasil cuja credibilidade foi recuperada no mundo — muito diferente do país devastado pelo coronavírus e pelos incêndios na Amazônia".
Já o britânico The Guardian salientou que Bolsonaro promoveu o tratamento precoce em seu discurso. Segundo o jornal, o mandatário brasileiro provou ser uma "figura controversa durante a pandemia" ao minimizar os impactos da Covid-19 e ao se recusar a receber o imunizante.
A rede de TV Al-Jazeera, a maior com sede no Oriente Médio, ressaltou que o "líder de extrema direita" condenou as restrições impostas pelo coronavírus que, segundo ele, "prejudicaram as economias". Também destacou a defesa feita por Bolsonaro das leis ambientais brasileiras, lembrando que seu governo foi criticado por aumentar o desmatamento.
O argentino Clarín escreveu que Bolsonaro se dirigiu ao ex-presidente Lula, que lidera as intenções de voto para o pleito de 2022 em pesquisas prévias, ao dizer que o Brasil estava à beira do socialismo. A publicação também mencionou que o presidente disse não haver corrupção em seu governo, "investigado por um escândalo na tentativa de compra fraudulenta de vacinas".