A Prevent Senior usou um medicamento usado no tratamento de câncer de próstata em pacientes com Covid-19. Não há recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou comprovação de eficácia comprovada das drogas no tratamento da doença. De acordo com áudios e planilhas obtidos pelo Jornal Nacional, um diretor da operadora cita duas drogas, sem indicação para o tratamento do vírus, que foram utilizadas pela empresa. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a CPI da Covid investigam o caso.
Segundo o JN, médicos que denunciaram a Prevent Senior na CPI da Covid, o cargiologista Rodrigo Esper enviou a mensagem a médicos da empresa. No áuidio, ele cita dois medicamentos que foram usados em pacientes no tratamento de Covid. Ambos sem indicação para o caso.
"Bloqueio androgênico com Flutamida e Enbrel pros pacientes que vão ser transferidos, tá?", disse o cardiologista Rodrigo Esper, diretor da Prevent Senior.
A Pfizer, que produz o Enbrel, diz que o medicamento é usado para o tratamento de artrite reumatoide e que a droga não é indicada para o tratamento de Covid.
Uma planilha online usada por médicos da Prevent Senior, obtida pelo JN, mostra que, pelo menos até o mês de julho, a Flutamida foi prescrita para pacientes com Covid.
Uma médica que trabalhava na empresa e foi demitida por se recusar a receitar os medicamentos contou que os pacientes não sabiam que estavam sendo medicados com um remédio sem comprovação científica.
"Esses pacientes não sabiam que isso tava sendo um estudo feito... Não sabiam que era estudo... Que eles tavam sendo cobaias", contou.
A CPI investiga a Prevent Senior pelo uso indiscriminado de medicamentos ineficazes. Em resposta ao requerimento de um senador, a empresa diz que comprou em média cem caixas do remédio por mês no início do ano. Em abril, a média passou a ser de 21,4 mil caixas.