A defesa do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a anulação do depoimento dele na CPI da Covid, marcado para terça-feira da semana que vem. Reportagem do "Jornal de Brasília" mostrou que ele sacou um total de R$ 4,74 milhões para a VTC Log, uma empresa de logística com contratos no Ministério da Saúde e responsável pelo transporte de insumos, inclusive vacinas . O relator do pedido no STF é o ministro Nunes Marques, que ainda não tomou uma decisão.
Segundo a reportagem, um relatório de inteligência financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) cita o nome de Ivanildo diversas vezes. A maioria dos saques foi em espécie na boca do caixa. Na ação no STF, o advogado Alan Diniz Moreira Guedes de Ornelas, que o defende, diz que "sua função é de motoqueiro e, em decorrência disto, realiza todas as diligências que dependem de deslocamento, inclusive bancárias".
Para a defesa de Ivanildo, o requerimento aprovado pela CPI "aponta fantasiosas ilicitudes praticadas pelo impetrante que, por sua vez, somente exerce a profissão de motoboy na empresa VTCLOG e, ainda, utiliza de dados financeiros sigilosos que abrangem período não compreendido pela pandemia". Diz ainda que a convocação é um "ato emanado através de ilegalidades".
Em outra crítica à CPI, a defesa avalia que "o que se verifica através das diversas sessões até então realizadas é que alguns excessos são praticados para o fim de causar devassa pessoal e jurídica de agentes públicos, empresas privadas, instituições e pessoas físicas, assim como no caso do presente mandado de segurança [a ação apresentada pelo motoboy]".
Também segundo a defesa, o requerimento de convocação apresentado pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), se baseia apenas na reportagem do "Jornal de Brasília". Além disso, afirma o advogado, o requerimento trata de "fatos absolutamente distantes do objeto de investigação, por se distanciar da apuração de eventuais irregularidades do governo federal, por meio de ações ou omissões, no enfrentamento à pandemia, na crise sanitária em Manaus-AM e no repasse da União aos Estados e Municípios".
O advogado nega também ilicitudes nas operações da empresa: "De mais a mais, é irresponsável a tentativa de indicar que as movimentações realizadas pela empresa VTCLOG são ilícitas. Ora, a partir do momento em que os valores entram para as contas bancárias da empresa, pouco importa a forma como ocorrerão as transações, já que se trata de uma decisão exclusiva da própria empresa."
Randolfe apresentou o pedido de convocação na sessão de quarta, e o requerimento foi levado a votação logo depois, sendo aprovado pela CPI.