Deputado federal Arthur Lira e senador Rodrigo Pacheco
Marcos Brandão/Agência Senado
Deputado federal Arthur Lira e senador Rodrigo Pacheco


Após a  Câmara derrubar a proposta do distritão e aprovar em primeiro turno a volta das coligações , o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) começou a articular para evitar que a reforma política fique engavetada quando sair da Câmara. Lira jantou ontem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e pediu que ele paute o projeto assim que recebê-lo.

O plenário da Câmara vai votar o segundo turno da proposta na semana que vem, provavelmente, na terça-feira. Pacheco, entretanto, já deixou claro que há fortes resistências no Senado à volta das coligações. A conversa ocorreu num jantar, ontem à noite, em Brasília. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, correligionário de Lira, também estava presente no jantar, assim como o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), e o ex-presidente da Casa Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Diante da investida de Lira, Pacheco respondeu que, pessoalmente, é contra qualquer mudança no sistema eleitoral, mas que submeterá o assunto ao plenário quando houver consenso entre as lideranças partidárias. Ele pontuou ainda que há outros temas prioritários a serem apreciados no Senado, como a reforma tributária, nas palavras de Pacheco, "apelo do setor produtivo" que deve ser atendido.

O jantar serviu também para que os três governistas presentes — Ciro, Lira e Bezerra — tentassem distensionar a relação de Pacheco e Davi Alcolumbre com o governo federal. Alcolumbre, que já esteve muito próximo do presidente Jair Bolsonaro, afastou-se recentemente. A relação de Pacheco com Palácio do Planalto tem sido ainda mais tensa. Ele concedeu diversas entrevistas criticando o presidente da República e as ameaças que ele fez a ministros do Judiciário.

CPI da Covid

O GLOBO apurou que Ciro Nogueira aproveitou o encontro para criticar o andamento da CPI a Covid e afirmou que o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), está "ultrapassando o tom". Nogueira já conversou com o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), e tem dito a aliados que o diálogo surtiu efeito. Nogueira também disse que o Senado tem que trabalhar por pautas positivas em vez de buscar o protagonismo por meio de um tema bélico como a CPI da Covid.

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Ainda durante o jantar, Ciro Nogueira afirmou que vem trabalhando para "desarmar" Bolsonaro e fazer com que ele adote uma postura menos agressiva. Indagado na noite de ontem sobre a postura discreta desde que assumiu a Casa Civil, Nogueira se saiu com uma metáfora, fazendo referência ao seu discurso de posse, quando disse que pretendia funcionar para Bolsonaro como um amortecedor para um carro.


"Em um carro, o amortecedor é uma peça que não aparece. O que aparece é para-choque, farol, para-brisa. Quando se fala no amortecedor, é porque ele está com defeito. Se não estou aparecendo, ótimo", disse. 

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