A CPI da Covid no Senado ouve nesta sexta-feira o servidor do Ministério da Saúde William Amorim Santana, técnico da Divisão da Importação da pasta que apontou problemas em um documento da compra da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech e representada no Brasil pela empresa Precisa.
O funcionário é subordinado a Luis Ricardo Miranda, o irmão do deputado Luís Miranda (DEM-DF) que disse ter sofrido "pressão atípica" de seus superiores hierárquicos, dentre eles Roberto Dias, diretor de Logística do Ministério, para aprovação rápida da negociação com o laboratório.
Durante suas declarações iniciais, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chamou a atenção dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para que não desmereçam os trabalhos da CPI. Calheiros reiterou que a Comissão não investigará instituições militares, mas sim "o que aconteceu nos porões do Ministério da Saúde”. Veja:
Santana declarou que identificou alguns erros no contrato celebrado entre a Precisa Medicamentos e o Ministério da Saúde, assim como os pormenores presentes na invoice de compras. Segundo ele, enquanto o contrato afirmava que o pagamento pelas doses da Covaxin seria feito após o recebimento da carga, a invoice pedia uma antecipação.
A convocação de Santana foi aprovada nesta quarta-feira após requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, para quem o servidor em conhecimento de informações relevantes sobre o contrato celebrado entre a União e a Bharat Biotech. O nome dele foi citado na CPI pela fiscal de contratos da pasta Regina Célia Oliveira, que prestou depoimento na última terça-feira.
Segundo Regina Célia, William era o responsável pela liberação da importação da vacina Covaxin, apesar das irregularidades nos contratos da pasta com o laboratório Bharat Biotech.
Você viu?
Nesta quinta-feira, a CPI encaminhou um ofício ao Palácio do Planalto cobrando posicionamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre as acusações apresentadas à comissão pelo deputado federal Luis Miranda. A carta foi assinada pelo presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e pelo vice-presidente, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Após a comunicação, porém, Bolsonaro disse que não irá responder às perguntas feitas pelos senadores da CPI da Covid em relação às denúncias de corrupção no Ministério da Saúde. O presidente reagiu com raiva ao ofício e xingou a comissão que investiga o governo federal.