O ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias negou ter pedido propina ao negociar vacinas contra Covid-19 com Luiz Paulo Dominguetti Pereira , representante da Davatti. Em entrevista ao G1 e à TV Globo, Dias afirmou que jantava com um amigo quando Dominguetti "apareceu".
Dominguetti prestou depoimento à CPI da Covid no Senado nesta quinta-feira (1º) e disse que recebeu pedido de pagamento de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato de 400 milhões de doses da AstraZeneca , reiterando o que ele já havia dito em entrevista à Folha publicada nesta semana. Dominguetti afirma que atuava como representante da empresa Davati Medical Supply.
Roberto Dias diz que compareceu ao restaurante com José Ricardo Santana, ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial c,uja secretaria-executiva é ocupada por um servidor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Durante o jantar, afirma Dias, Blanco e Dominguetti apareceram sem que ele soubesse e, então, começaram a tratar sobre vacinas. Ele diz que nega "veementemente" que tenha havido pedido de propina.
"Não existiu um jantar com essa pessoa no Vasto. Existiu um jantar cuja essa pessoa apareceu. Eu fui no Vasto, como fui diversas vezes durante a minha estada em Brasília, e lá estava jantando com um amigo. Nessa oportunidade, o coronel Blanco, que foi meu assessor e foi diretor-substituto da diretoria do departamento — que até então eu era o diretor — apareceu [junto com Dominguetti] e sentaram à mesa. E daí a gente começou a conversar. Então, não houve um encontro marcado, isso nunca aconteceu."
"Nego veementemente. O que já está errado, não é? Porque não teria que ser eu a provar isso. É o contrário, não é? Alguém tem que provar que eu fiz e não eu ter toda essa exposição para provar que não fiz", alegou.
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Em nota, Dias ainda disse que a denúncia de propina é uma armação e que pode estar sendo usado de "fantoche para algo".
"Preciso saber qual a motivação desse senhor para nesse momento vir contar essa história absurda. Quem ele quer atingir ou proteger? Estou sendo usado de fantoche para algo?", questionou o ex-diretor do Ministério da Saúde.
Dias foi exonerado na última terça-feira (29) , depois da publicação da reportagem que denuncia o suposto pedido de propina.