Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde
Anderson Riedel/PR
Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde

O ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias afirmou que "nunca" tratou de propina na venda de vacinas , em nota divulgada nesta quinta-feira, 1º de agosto, para rebater as acusações de Luiz Paulo Dominghetti, e citou estar sendo usado como "fantoche" para atingir ou proteger alguém. Também disse que vai entregar à CPI da Covid seus registros de conversa com o servidor Luís Ricardo Miranda sobre a compra da Covaxin, negando ter exercido pressões sobre ele.

Dias confirmou ter conversado com Dominghetti em um restaurante de Brasília em 25 de fevereiro sobre uma possível oferta de vacinas da AstraZeneca , mas disse que não o conhecia e que ele foi levado ao local pelo tenente-coronel Marcelo Blanco, também integrante do departamento de Logística do ministério.

"Nessa noite, Blanco chegou acompanhado pelo sr. Dominghetti, que até a presente data nunca havia figurado como parte nas trocas de comunicações oficiais entre ministério e empresa, sendo um desconhecido", afirmou na nota. Prossegue o ex-diretor: "É importante frisar que, ao contrário do que é alegado pelo Dominghetti, o tema propina, pedido de dinheiro, facilitação... nunca foi tratado à mesa ou em qualquer outro ambiente em que eu estive presente", afirmou.

No seu relato, o ex-diretor afirma que o ministério recebeu, durante a pandemia da Covid-19, diversas ofertas de empresários que diziam ter vacinas, respiradores, testes e outros itens necessários. Afirmou que a função exigia que as ofertas fossem ouvidas, mas disse que era "extremamente improvável" a oferta feita pela Davati Medical Supply, de 400 milhões de doses de AstraZeneca.

"Porém, preciso saber qual a motivação desse senhor para nesse momento vir contar essa história absurda. Quem ele quer atingir ou proteger? Estou sendo usado de fantoche para algo?", questionou.

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Roberto Dias faz um histórico das tratativas com a Davati Medical Supply e diz que não houve negociação das vacinas porque os documentos não foram apresentados pela empresa. Apenas depois da documentação é que o departamento enviaria o caso para análise da secretaria-executiva do ministério, afirma o ex-diretor.

"Em virtude da inexistência das documentações necessárias e jamais apresentadas, seria impossível a abertura de um processo. Por tais razões, acredito estar sendo vítima de retaliações por parte do sr. Dominghetti", afirmou.

Sobre o relato do servidor Luís Ricardo Miranda, de que Dias seria um dos responsáveis por pressões para aprovar a vacina Covaxin, ele afirmou acreditar que Miranda "tenha se equivocado ou intencionalmente direcionado à minha pessoa". "Mostrarei perante a Comissão Parlamentar de Inquérito toda a linha de conversa que tive com ele e todos saberão o que realmente aconteceu. O verdadeiro bastidor!", afirmou.

Dias conclui a nota de forma enigmática, dando a entender que há outros envolvidos em irregularidades e que não foram expostos até o momento. "O fato é que, manifestamente, existem terceiros interessados...", concluiu.

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