Em entrevista coletiva convocada nesta quarta-feira (23), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni, negou irregularidades no pedido de importação da vacina indiana Covaxin , contrariando denúncia feita pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). O ministro afirmou que o Planalto solicitará à PF investigação do parlamentar e que a Procuradoria-Geral da República tomará providências contra ele por “denunciação caluniosa”.
O ministro disse que estão tentando "construir uma narrativa" de corrupção para atribuir ao governo que, segundo ele "vai derrubar as mentiras".
"Quero alertar o deputado Luís Miranda que o que foi feito hoje é, no mínimo, denúncia caluniosa. E isso é crime (...) Iremos solicitar um procedimento administrativo disciplinar junto à CGU e vamos pedir à PGR a abertura de investigação do deputado Luís Miranda e do servidor Luís Ricardo Miranda".
Segundo Onyx, não houve sobrepreço nem irregularidades na negociação pela Covaxin. "Não existe nenhuma irregularidade, existe o trabalho correto que foi feito pelo ministro Pazuello".
O ministro se refere à denúncia do deputado Luís Miranda, que disse nesta quarta-feira que levou pessoalmente ao presidente Jair Bolsonaro "provas contundentes" de suspeitas de corrupção nas negociações para a compra da vacina Covaxin.
"O presidente sabia que tinha crime naquilo (...) Entreguei a Bolsonaro. O caso não é só de pressão. É gravíssimo: tem desvio de conduta, invoice [nota fiscal] irregular, pedido de pagamento antecipado que o contrato não previa, quantidades diferentes", disse Miranda.
Pronunciamento é marcado por citações bíblicas e jargões de campanha
A fala do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República foi repleta de jargões da campanha de Bolsonaro em 2018 e de citações bíblicas.
"Ao iniciar sua jornada, Bolsonaro não escolheu João 8:32 [citação da bíblia] por acaso. 'Conheceis a verdade, e a verdade vos libertará'. E também não escolheu 'Deus acima de todos' apenas como slogan", disse.
Onyz ainda disse que o parlamentar Luís Miranda terá que "se entender com Deus e terá que se entender com a gente também”.
Após a fala do ministro e de Élcio Franco, ex-secretário do Ministério da Saúde, a coletiva foi encerrada sem espaço para perguntas de jornalistas.