Uma semana após o Exército decidir não punir o general Eduardo Pazuello por participar em um ato ao lado do presidente Jair Bolsonaro
, o ministro da Defesa, Walter Braga, afirmou que sua pasta e as Forças Armadas estão "coesas e disciplinadas". A declaração ocorreu em cerimônia de comemoração do aniversário do Ministério da Defesa, com a presença de Bolsonaro e do comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, entre outras autoridades civis e militares.
"A Defesa e as Forças Armadas estão coesas e disciplinadas na preservação dos mais caros valores nacionais, no propósito de atuarem como vetores de estabilidade institucional, para garantir a soberania e manutenção da paz e da liberdade da população brasileira", discursou Braga Netto.
A decisão de não punir Pazuello foi anunciada no dia 3. Em nota, o Exército informou que "não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do general" e que o procedimento administrativo que havia sido aberto contra o ex-ministro foi arquivado.
No dia 23 de maio, Pazuello participou e discursou de um ato feito por Bolsonaro após um passeio de moto no Rio de Janeiro. O procedimento administrativo foi aberto porque militares da ativa não podem se manifestar politicamente. Políticos e militares da reserva criticaram a decisão por consideraram que pode haver um incentivo à indisciplina.
Bolsonaro critica 'amadurecimento' de ministério
Em seu discurso, Bolsonaro lembrou que foi contrário à criação do Ministério da Defesa, realizada em 1999 no governo Fernando Henrique Cardoso, e disse que os militares "sofreram" durante anos, devido às "filiações político-partidárias" dos ministros.
Bolsonaro ressaltou, contudo, que o ex-presidente Michel Temer colocou pela primeira vez um general como ministro — no caso, Joaquim Silva e Luna, atual presidente da Petrobras. A prática continuou no atual governo, primeiro com o ex-ministro Fernando Azevedo e Silva, e agora com Braga Netto.
"Sofremos muito. Eu não estava na ativa, mas acompanhei esse processo de amadurecimento. Graças à formação dos seus homens, a Marinha, o Exército e a Aeronáutica resistiram firmes naquele momento. O tempo passou. Chegamos ao governo Temer. E ele, pela primeira vez, resolveu colocar na Defesa, à frente do ministério, um oficial-general de quatro estrelas".