A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar suspeitas de tráfico de influência envolvendo Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. A suspeita é de que ele tem atuado para marcar reuniões e abrir portas no governo federal para empresas privadas, como revelou O GLOBO no domingo.
O caso começou a ser apurado na Procuradoria da República do Distrito Federal (PR-DF), após representação de parlamentares da oposição. Depois, a Procuradoria enviou o caso para a PF entrar na apuração. O inquérito policial está na Superintendência do Distrito Federal.
A abertura do inquérito foi revelada pelo jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada pelo GLOBO. A investigação ainda está em estágio inicial. Trata-se de mais um filho do presidente que é alvo de investigações. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) já chegou a ser denunciado pelo Ministério Público do Rio sob acusação de desvios de salários de seu antigo gabinete de deputado estadual, esquema conhecido como "rachadinha". O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também é investigado sob suspeita também de um esquema de rachadinha.
Um grupo empresarial que atua nos setores de mineração e construção e tem interesses junto ao governo federal presenteou Jair Renan Bolsonaro e um de seus parceiros comerciais com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil. Um mês após a doação, em outubro do ano passado, representantes da Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, uma das empresas do conglomerado, conseguiram um espaço na agenda do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho — segundo a pasta, o encontro, que também teve a participação de Jair Renan, foi marcado a pedido de um assessor especial da Presidência.
Desde setembro de 2019, a firma recebe um benefício fiscal, concedido pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), de 75% no pagamento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), válido até 2028. Isso significa que de 100% do imposto devido, apenas 25% é pago. Trata-se de benefício muito diferente do praticado pela grande maioria das empresas brasileiras. Um levantamento no Diário Oficial da União mostra também que, só em 2021, o grupo, composto por 17 mineradoras, já recebeu pelo menos 15 autorizações da Agência Nacional de Mineração (ANM) para prospectar novas áreas.
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Não há irregularidades na redução de impostos, aval para pesquisas de campo ou intermediação de encontros com ministros, mas a proximidade de Jair Renan com a Gramazini e outras companhias despertou a atenção do Ministério Público Federal (MPF), que instaurou um procedimento preliminar para apurar “possíveis crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro”.
Nos últimos meses, o grupo, com sede em Barra de São Francisco (ES), vem apostando na influência de Jair Renan para alavancar os negócios no Brasil (além do Espírito Santo, há atuação no Ceará, na Bahia e em Minas Gerais) e na expansão para o exterior, com foco nos Estados Unidos e em Israel. Uma das primeiras viagens feitas na “fase empresarial” do filho do presidente foi para o Espirito Santo, no fim de setembro de 2020, quando conheceu os projetos da empresa — na ocasião, um grafite com o rosto de Jair Bolsonaro, com as cores verde, amarelo e azul, foi pintado em uma das pedras no depósito, em Cachoeiro do Itapemirim (ES).
Frederick Wassef, advogado de Jair Renan Bolsonaro, informou, por meio de nota, que "seu cliente jamais recebeu ou ganhou carro elétrico da referida empresa mencionada na reportagem. Fato este inverídico."