Doze ex-assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), citados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) como funcionários fantasmas , receberam pelo menos R$ 651.410 (sem correção monetária) em auxílio-alimentação. As informações foram dadas pela Veja .
O benefício do auxílio-alimentação é pago diretamente na conta bancária do servidor, sem ser contabilizado no contracheque. Por isso, o pagamento torna-se uma “caixa-preta” e não se sabe a quem os deputados destinam a verba.
Os recursos do auxílio-alimentação se somam aos salários. Os promotores, ao contabilizarem as remunerações para a denúncia e sustentarem a existência da prática de rachadinhas , consideram o vale-alimentação.
Os doze ex-assessores fantasmas foram indicados por Fabrício Queiroz , que é apontado como o operador do esquema, que consiste em desviar parte do salário de servidores.
Para chegar aos valores destinados aos ex-assessores desde 2011, a Veja cruzou informações da Alerj obtidas pela Lei de Acesso à Informação e das quebras de sigilo bancário que constam na denúncia da rachadinha.
Quem são os assessores
Flávia Regina Thompson da Silva é a ex-funcionária que mais recebeu. Ela é parente de um amigo de Queiroz e ganhou quase 100 mil reais como benefício no gabinete de Flávio Bolsonaro, entre abril de 2007 e janeiro de 2019. O MP estima que Flávia tenha disponibilizado R$ 690.682 para a organização criminosa.
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A segunda ex-funcionária denunciada que mais recebeu foi Danielle Mendonça, ex-mulher de Adriano da Nóbrega . Ele foi morto em fevereiro e era apontado como chefe do grupo miliciano Escritório do Crime.
Danielle foi nomeada para o gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj em setembro de 2007 e permaneceu até novembro de 2018. Nesse período, ela recebeu R$ 94.601 em vale-alimentação. Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano, recebeu R$ 10 mil entre abril de 2016 e novembro de 2018.
O policial civil Jorge Luis de Souza e o policial militar Agostinho Moraes receberam, respectivamente, R$ 67.691 e R$ 78.435. Ambos são amigos de Queiroz. Agostinho, em depoimento , afirmou que não comparecia à Alerj e não possuía controle de ponto. Ele disse que trabalhava em “uma espécie de regime de plantão”.
A família Queiroz recebeu, no total, R$338.172. Estão inclusos no valor a esposa Márcia Aguiar, a filha Nathália, o próprio ex-assessor Queiroz, que não era um funcionário fantasma, e a enteada Evelyn Mara, que não foi denunciada, porém há evidências de que ela não dava expediente na Alerj.
As ex-vizinhas de Queiroz, Sheila Vasconcellos e Luiza Paes receberam R$56 mil e R$9.284, respectivamente. Sheila permaneceu no gabinete de 2009 a 2016. Luiza, a única que confirmou ao MP a existência das rachadinhas , ficou de agosto de 2011 a abril de 2012 na Alerj.
Há também o policial militar reformado Wellington Sérvulo, que recebeu R$6.276 entre abril de 2015 a setembro de 2016. Ele passou parte desse período em Portugal com a família.