Senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ)
Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ)

O Ministério Público do Rio teve acesso a mensagens enviadas pela ex- assessora do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) , Luiza Sousa Paes, assim que as investigações sobre o esquema de rachadinha no gabinete do então deputado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) começaram a repercutir na imprensa.

Nas conversas, encontradas no celular de Luiza e divulgadas pelo Fantástico neste domingo, ela pede orientações ao pai sobre o que fazer com os recibos de depósitos feitos ao ex-policial Fabricio Queiroz , apontado como operador do esquema. O depoimento de Luiza ao MP-RJ, no qual ela confessa rachadinha para Queiroz, foi revelado pelo GLOBO.

"Caraca! Tu viu alguma parte do 'Jornal Hoje'? Bateu direto naquele negócio do Queiroz. Direto isso, a foto dele estampada no 'Jornal Hoje.' Agora deu ruim", escreveu Luiza , no dia 7 de dezembro de 2018.

Nas mensagens, a ex-assessora conta ainda que conversou com Luis Gustavo Botto Maia, na época o advogado de Queiroz e de Flávio Bolsonaro. O GLOBO mostrou que Luiza também foi convidada para se reunir com Frederick Wassef , ex-advogado do senador, em um hotel na Barra da Tijuca, em dezembro de 2018, no dia em que tinha sido chamada para prestar esclarecimentos na investigação. Segundo Luiza, ela foi orientada a não atender a convocação dos promotores.

A ex-assesora admitiu em seu depoimento que nunca atuou como funcionária do filho do presidente Jair Bolsonaro e que também era obrigada a devolver mais de 90% do salário. Esta foi a primeira vez que um ex-assessor admite o esquema ilegal no gabinete do parlamentar.

Luiza integra o grupo de 15 pessoas, que junto com Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz foram denunciados pelo Ministério Público na Justiça pelos crimes de organização ciminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.

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Flávio é apontado como líder da organização criminosa e Queiroz como o operador do esquema de corrupção que funcionava no gabinete do senador, de acordo com a denúncia.

"Eles querem pegar uma bucha"

As conversas em seu celular mostram a preocupação do pai de Luiza com a situação.

"Contanto que te tire disso e esqueça isso de uma vez e a gente possa viver nossa vida normalmente, ele que invente as histórias dele lá", escreveu ele para a filha no dia 26 dezembro 2018.

No mês seguinte, Luiza conta que foi chamada na Alerj para preencher a folha de ponto, que ela diz nunca ter assinado.

"Oi, pai. (...) Parece que falta algum ponto que não tá assinado. Só que eu não lembro de ter assinado algum ponto, entendeu?", escreveu no dia 21 de janeiro.

De acordo com as mensagens coletadas pelo MP, o pai responde orientando a filha a não ir: "Eles querem pegar um "bucha" que é pra ver se desentoca alguma coisa" .

Junto com o depoimemto, Luiza apresentou extratos bancários para comprovar que, entre 2011 e 2017, entregou, por meio de depósitos e transferências, cerca de R$ 160 mil para Fabrício Queiroz.

Luiza Sousa Paes foi nomeada como assessora do gabinete de Flávio em 12 de agosto de 2011 e lá ficou até 11 de abril de 2012. Depois, foi nomeada em outros setores da Assembleia: na TV Alerj e no Departamento de Planos e Orçamento. Mesmo assim, durante todo esse período, relatou ao MP que teve que devolver a maior parte do salário que recebia.

O primeiro contracheque dela no período em que trabalhou no gabinete de Flávio tinha um valor bruto de R$ 4.966,45. Já o último, na TV Alerj, de R$ 5.264,44. Todos os meses, Luiza tinha que sacar o salário e devolver a maior parte para Queiroz. Ela ficava com apenas R$ 700,00.

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